Como era previsível, e este Diário vem denunciando há um bom tempo, o retorno dos campeonatos de futebol veio acompanhado de vários surtos de infecção por Covid-19 nos clubes de futebol. Tanto jogadores quanto outros profissionais vêm sendo infectados, alguns mais de uma vez.
Após vitória recente contra o Coritiba, o meia Paulo Henrique Ganso testou positivo. Dias antes, outros nove jogadores do Fluminense também. Há pouco, um grande surto de infecções no elenco do Flamengo. Fora da “elite” do futebol nacional, nos times com menos recursos financeiros, a situação vai de mal a pior.
Já informamos em outras matérias que a CBF vem sistematicamente liberando jogadores contaminados para jogos. Sem qualquer embasamento científico, em vários casos a entidade inventa critérios para relativizar os riscos de contágio, como se a etapa da infecção em determinado jogador ou o fato de um jogador já ter contraído o vírus anteriormente garantisse que não vai transmitir a doença.
Se a nova onda de contágios na Europa não serve como alerta, a recorrência dos casos no Campeonato Brasileiro deveria chamar mais a atenção da população e da esquerda, que pretende defender os interesses populares. No entanto, pouco se lê sobre o assunto.
É importante ter em conta que não apenas as vidas dos jogadores estão sendo colocadas em risco, mas também dos funcionários dos clubes e dos setores econômicos mobilizados, além dos familiares daqueles diretamente envolvidos. Ou seja, existe um potencial de alastramento da pandemia diretamente relacionado aos campeonatos de futebol.
Antes do surto de infecções no Flamengo, que ganhou destaque porque o time carioca sofreu vários desfalques na Libertadores, pudemos ler matérias da imprensa golpista com títulos como “Casos de Covid no Brasileirão geram insegurança, mas redução de infectados aumenta otimismo”.
Se não é possível esconder completamente os fatos, os monopólios da comunicação buscam pelo menos distorcer o significado dos acontecimentos. Fica cada vez mais claro que a retomada dos vários setores econômicos está aumentando as taxas de contágio e consequentemente as mortes. No entanto, a pressão pelo retorno das aulas presenciais está em pauta na imprensa burguesa com cada vez mais intensidade.
É preciso que os jogadores e demais profissionais do futebol se organizem contra o alastramento da pandemia, que tem sido potencializada não apenas nos contatos que ocorrem durante os jogos mas também nas viagens e treinamentos. Assim como os sindicatos de professores e grupos de estudantes vêm se mobilizando, os sindicados dos profissionais do futebol precisam agir.