Foi identificado um dos suspeitos de atacar a produtora do Porta dos Fundos. Eduardo Fauzi Richard Cerquise aparece nas redes sociais como um típico “olavete”, e seria membro do PSL desde 2001, quando o partido era um desconhecida legenda, muito antes da entrada de Bolsonaro ano passado para concorrer às eleições. Eduardo Fauzi está foragido, e chegou a divulgar um vídeo em que reproduzia acusações lunáticas típicas de olavetes, acusando a atração veiculada pelo YouTube de ser financiada pelo PT.
Parte da esquerda reivindicou a aplicação da lei antiterrorismo contra Eduardo Fauzi e os outros suspeitos. Devemos renovar o alerta de que esse tipo de lei estimula o crescimento da própria direita na sociedade, e no final das contas acaba sendo aplicada com rigor somente para perseguir a esquerda ou para prender pobres, como acontece com todas as leis repressivas do Estado.
No caso em questão, já apareceu uma conexão suspeita que deve ser vista com atenção. Em 2013, a ativista Elisa Quadros, conhecida como “Sininho”, apareceu em um vídeo defendendo Eduardo Fauzi de uma suposta prisão arbitrária. Sininho é apontada como integrante de grupos chamados de “black blocs”, nome associado a uma determinada forma de resistir à violência policial. O vídeo foi relembrado agora nas redes sociais, e tem sido usado para insinuar que as manifestações de 2013 teriam sido uma orquestração da direita desde o início. O que aconteceu em 2013 foi mais complexo, com uma ampla operação da direita montada para sequestrar um movimento que tinha uma direção confusa.
Sininho, falando sobre Eduardo Fauzi, o terrorista que jogou coquetel molotov no Porta dos Fundos. https://t.co/88MENepE70
— Para Tudo! 🚩 (@Ze_Galinhas) January 1, 2020
Contudo, independentemente da avaliação que se faça de 2013, a suposta ligação de alguém que realizou um atentado com uma pessoa apontada como sendo ligada a “black blocs” pode levar o regime a procurar justificar uma perseguição contra “black blocs” usando alguma estranha associação entre a extrema-direita que cometeu o atentado e os “black blocs”. Ou seja, mesmo no caso de uma acusação contra um grupo de extrema-direita, que no caso se reivindica integralista, a polícia, controlada pela direita, pode aproveitar para perseguir a juventude nas grandes cidades, sob o pretexto de estar combatendo o terrorismo.
Leis repressivas nas mãos do Estado burguês são um perigo para o movimento popular e para os trabalhadores. Especialmente quando a extrema-direita vai parar no governo. É preciso ficar alerta e acompanhar os desdobramentos desse caso, que pode levar a mais perseguição contra a esquerda, usando um ataque da extrema-direita como pretexto.