Esta semana o governo golpista de Jair Bolsonaro decidiu não lançar novos editais de contratação de médicos pelo programa Mais Médicos. Os médicos que atuam pelo programa poderão continuar em seus postos de trabalho até o final de seus contratos, que tem duração de três anos. A proposta é substituir o Mais Médicos por um novo “projeto”, gestado a partir do lobby do Conselho Federal de Medicina, que nunca escondeu sua contrariedade em relação às políticas públicas de atendimento da população mais pobre, inclusive nos locais que os médicos brasileiros não se dispunham a atender. Um exemplo é Guaribas, cidade no Piauí, distante 650 quilômetros da capital Teresina, um dos 31 municípios que não despertou o interesse dos profissionais brasileiros. Uma médica ainda chegou a ser selecionada, informou a desistência à prefeitura dias depois da inscrição. A segunda vaga sequer chegou a ser cogitada por outro candidato.
Hermann Von Tniesehause, primeiro secretário do Conselho Federal de Medicina, entidade subserviente ao golpe da direita, informa a criação de um novo programa no qual a estratégia para fixar médicos nos locais mais vulneráveis seria um plano de carreira ainda indefinido. A medicina se transformou em um negócio, com uma visão elitista da formação e da atuação mercantilista através dos planos de saúde privados, onde a saúde é negada ao grande contingente de brasileiros das regiões mais distantes e das periferias empobrecidas das cidades. Propostas com foco na carreira e na remuneração do médico, e não na necessidade da população, só tendem a agravar os graves problemas de saúde pública, como a mortalidade infantil e a morte por doenças crônicas de tratamento possível através do atendimento preventivo e de efetivas políticas de saúde pública.
O Programa Mais Médicos foi criado em 2013 pela então presidenta Dilma Rousseff para garantir a assistência básica em municípios vulneráveis. O programa ficou notabilizado por, pela primeira vez, levar aos locais mais distantes e isolados do país médicos brasileiros, mas também médicos cubanos, contratados através da Organização Pan Americana da Saúde (OPAS), instituição que tornou referência no mundo a atuação humanitária dos médicos formados na ilha de Cuba.
Em 2018, após o resultado das eleições e em razão das declarações beligerantes do candidato eleito sobre a extinção do programa, o governo cubano decidiu encerrar o acordo de cooperação e retirar os profissionais do Brasil. Ainda no governo Temer, mas já sob influência da transição para o governo Bolsonaro, foi lançado edital para preenchimento das vagas deixadas pelos cubanos, em torno de 8.500 vagas. No entanto, conforme previsto, a demanda por médicos nos locais mais distantes e carentes não foi atendida, cerca de 1500 vagas continuam em aberto, por falta de médicos inscritos.
A direita não tem nenhuma política para suprir a demanda por médicos nas periferias e locais afastados. Isso não é simplesmente má gestão ou política desastrosa. Isso é o programa da direita: deixar o povo sem médico, deixar morrer a população sem direitos. É preciso mobilização para derrubar os golpistas, Fora Bolsonaro!