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Neoliberialismo arruína o País

Sem insumos, montadoras param e evidenciam crise nacional

Desindustrialização avança, desorganiza toda uma cadeia produtiva e coloca na ordem do dia a necessidade da nacionalização da indústria pelos trabalhadores

Foto: Shutterstock

A falta de componentes para produção obrigou quatro montadoras em atividade no País a paralisarem parcial ou totalmente. O número representa um terço das fabricantes operando no Brasil – Fiat, General Motors (GM), Honda e Renault. A crise de desabastecimento na indústria automobilística levou a uma queda de 17% nas vendas de automóveis no mês de fevereiro. Segundo as montadoras, a escassez de peças não se deve apenas às limitações produtivas dos fornecedores, mas também à desorganização dos transportes provocados pela pandemia, o que diz muito sobre o atual estágio da crise capitalista.

Na GM o desabastecimento levou à adoção da suspensão de contratos de trabalho, o chamado lay-off, por pelo menos dois meses nas fábricas de Gravataí (RS) e São José dos Campos (SP). Já a Fiat dará férias de dez dias para cerca de 10% dos trabalhadores da fábrica, localizada em Betim, na Grande Belo Horizonte.

A imprensa burguesa vem difundido a notícia como se fosse algo surpreendente. O golpista Estadão, por exemplo, destacou que o problema estaria relacionado à “demanda acima do normal das fábricas” (“Faltam componentes para um terço das montadoras em operação no País”, 6/3/2021). Ocorre que desde dezembro de 2020, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, ja alertava:

“Teremos de superar alguns desafios imediatos em nosso setor e no país, como o aumento dos casos de Covid-19, o risco de paralisação por falta de autopeças e a pressão de custos ligados ao câmbio e insumos.” (“Indústria automobilística pode parar por falta de insumos, diz Anfavea”, Gazeta do Povo, 7/12/2020).

A opinião de Moraes é compartilhada pelo presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Roberto Cortes:  “Um dia falta aço, no outro falta pneu, no outro falta longarina (componente do chassis do caminhão)”, disse Cortes, ao comentar a ameaça de paralisia sobre o setor automobilístico (“A crise no setor de autopeças brasileiro”, 14/12/2020, Blog Paulo Gala).

 

Desindustrialização galopa

Empresas imperialistas com poder de influir na política de Estados nacionais, como é o caso das montadoras, conseguiriam facilmente contornar eventuais dificuldades de logística para receber seus insumos, caso fosse esse o problema que levou ao desabastecimento. Obviamente se trata de algo mais sério, e nesse caso, nem é preciso um estudo mais detalhado para compreender o fenômeno que leva a tamanha desorganização econômica.

Basta observar que dos 384,7 mil estabelecimentos industriais que estavam em atividade no País em 2015, 36,6 mil não resistiram ao neoliberalismo, segundo estudo elaborado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Os dados da CNC apontam ainda que apenas em 2020, 5,5 mil fábricas fecharam.

Segundo o IBGE em 2020, a produção industrial brasileira caiu 4,5%, chegando a 5,7% no estado de São Paulo, o mais industrializado do País. Nesse quadro maior é que se situa a crise vivida pela indústria automobilística, em meio a um franco processo de desindustrialização que já contribui para desorganizar toda uma cadeia produtiva, e consequentemente, a economia nacional.

Em 2018, o percentual de participação da indústria no PIB atingiu o patamar de 11,3%, o menor em mais de 100 anos. O processo de desindustrialização da economia brasileira é antigo, sendo objeto de estudo do economista burguês Ha-Joon Chang, que na obra Chutando a Escada: A Estratégia do Desenvolvimento em Perspectiva Histórica, dedica-se a analisar o fenômeno.

Conforme Chang, em seu apogeu, no começo da década de 1980, a indústria brasileira, chegou a ser responsável por 35% do PIB nacional. Desde então, uma queda vertiginosa e constante produziu um dos mais notáveis processos de desindustrialização já vistos na histórica econômica, chegando a indústria a ter a relevância para a economia nacional que detinha, por exemplo, em 1910.

 

Burguesia não tem interesse em reverter desindustrialização

A desorganização econômica produzida pela desindustrialização, naturalmente, não se deve à pandemia, sendo um fenômeno anterior ao coronavírus. Ocorre que este dado concreto da decadência da economia nacional acentuou-se diante da crise atual.

Em 40 anos, os supostos setores nacionalistas da burguesia brasileira nada fizeram para reverter o processo em marcha, o que coloca a responsabilidade de agir sob os ombros da classe trabalhadora, a única de fato interessada em desenvolver a capacidade produtiva do País.

Isto coloca a necessidade dos trabalhadores mobilizarem-se pela nacionalização das indústrias onde os monopólios capitalistas já se estabeleceram. Como no caso da Ford, o controle das unidades produtivas pelos próprios trabalhadores é a única medida que pode defender seus empregos, mas também a que pode reverter o processo de destruição da indústria nacional.

Mantendo-se estas empresas nas mãos parasitárias dos capitalistas, o único desenvolvimento possível é o visto até o momento. A burguesia rouba recursos públicos para sua jogatina no mercado financeiro, enquanto destrói unidades produtivas inteiras e leva a destruição cada vez maior da economia nacional.

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