A burguesia tem defendido a política do isolamento social como propaganda de que está fazendo alguma coisa para conter a pandemia. Governadores como João Doria, Witzel e a imprensa golpista fazem uma insistente propaganda do isolamento social, da quarentena e procuram inclusive criar pretexto para o lockdown, que é o fechamento total das cidades, como já aconteceu em alguns locais.
Esse setor da direita procura se colocar com uma política opositora a Bolsonaro, que se coloca abertamente contra o isolamento social. Na realidade, essa diferença não é nada mais do que uma propaganda eleitoral. A burguesia de conjunto diverge apenas na forma como fará o relaxamento da quarentena, mas na prática, o isolamento não funciona para a maioria da população.
São milhões de trabalhadores que são obrigados a sair de casa para ir ao trabalho. Correm risco pegando transporte público cheio, correm risco nos ambientes de trabalho, no trato com outros trabalhadores. Os garis são um exemplo de categoria que não tem o direito de “ficar em casa”.
Nas grandes cidades é possível perceber que os garis, tanto os que trabalham na coleta de lixo como os que trabalham na varrição das ruas, estão trabalhando normalmente. Alguém precisa manter a cidade limpa enquanto a minoria da população, a classe média alta e a burguesia, faz o isolamento social.
Segundo dados do Serviço de Limpeza Urbana de Brasília, entre 2015 e 2017 foram registradas 283 ocorrências de trabalhadores feridos por resíduos cortantes ou perfurantes. Isso significa que um gari é ferido a cada quatro dias.
Além de estarem expostos aos riscos de se acidentar, os garis não contam com equipamentos adequados de segurança, o que facilita os acidentes de trabalho.
Esses dados mostram que a situação dessa categoria de trabalhadores deve piorar com o advento da pandemia. Os risco de acidentes e principalmente de contaminação aumentaram com o coronavírus.
O isolamento social só é sério e só funciona se vale para todos. Se considerarmos os garis serviço essencial, os trabalhadores deveriam ter o direito ao acesso de todos os equipamentos de segurança. É preciso inclusive parar a categoria até que as prefeituras e as empresas que prestam esses serviços não forneçam toda a segurança necessária para esses trabalhadores.