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Como na ditadura militar

Sem candidatos e com campanha da burguesia, o povo se abstém

Frente a escolha entre a extrema direita, a direita tradicional, que comanda a frente ampla, e a esquerda pequeno burguesa, que participa dela, a população preferiu se abster

Em meio ao regime golpista que assola o país desde a derrubada da presidenta Dilma Roussef em 2016, acabaram de acontecer as eleições mais anti democráticas desde a ditadura militar brasileira. A conjuntura é tão semelhante que um mesmo aspecto começa a se manifestar na atualidade, o rápido crescimento das abstenções, votos nulos e brancos demonstrando uma enorme insatisfação geral com o regime político, a porcentagem de abstenção chegou a 29,5% no segundo turno, 8% a mais que em 2016, nas cidades mais importantes do país, Rio de Janeiro e São Paulo, os candidatos vencedores perderam para a soma de brancos, nulos e abstenções.

Estes números expressam o enorme descontentamento não só com os candidatos da burguesia como aconteceu no Rio de Janeiro onde só havia candidatos da direita no segundo turno, quanto com os candidatos da esquerda pequeno burguesa sendo o principal exemplo Boulos, que se mostrou basicamente um político da burguesia golpista. A população, não enxergando grandes diferenças entre os golpistas tradicionais, que comandam a frente ampla, a esquerda que participa da frente ampla, e a extrema direita ligada a Bolsonaro, não se deu o trabalho de ir as urnas para votar. Isto, apesar do que diz a esquerda pequeno burguesa, viciada em eleições é um grande sinal de polarização da situação.

Ao se observar que nenhuma das candidaturas representavam uma real alternativa ao regime golpista a população não teve um estimulo real para votar nos candidatos da esquerda, o que explica ,além da enorme ditadura criada pela justiça eleitoral, o panorama generalizado de derrotas dos candidatos da esquerda, que conseguiram apenas uma das 26 capitais. As eleições municipais na realidade ao contrário das federais são completamente despolitizadas e geram os piores tipos de política na esquerda eleitoreira que se alia até com bolsonaristas para ganhar alguns cargos. Este tipo de aliança crescente com a burguesia nestas eleições é o que afasta a classe operária de todo este processo, que na realidade foi um jogo de cartas marcadas organizado pela própria classe dominante.

Durante a ditadura militar brasileira foi criado um sistema com apenas dois partidos políticos o ARENA, que era a base do regime de extrema direita, e o MDB que era a oposição burguesa consentida que não servia de nada à classe operária. As eleições legislativas seguia acontecendo a cada 4 anos e se tornava cada vez mais claro aos trabalhadores que elas não mudavam nada para a população, assim foram crescendo as abstenções e os nulos e brancos. Em 1978 aconteceu a ultima eleição antes do fim do bipartidarismo, o resultado foi que 33% da população não votou em nenhum dos partidos, um número próximo aos 29% da eleição atual.

As semelhanças não param por ai, no Rio de Janeiro a escolha era entre um candidato do DEM, partido saído do próprio ARENA e que é base do governo Bolsonaro, e um candidato da extrema direita ligado a Bolsonaro. Seria como se durante a ditadura militar a escolha fosse entre um general e um político que apoia o regime dos generais, tanto em 1978 como em 2020 a rejeição a essa escolha foi grande, no caso atual do Rio de Janeiro a parcela que rejeitou essa escolha foi de 47,58%.

Em São Paulo havia um candidato do PSDB, que saiu da oposição consentida da ditadura o MDB e que agora é um dos principais partidos do bloco burguês dominante no Brasil, e um candidato do PSOL que esta se tornando a oposição pequeno burguesa consentida ao regime golpista em especial o próprio Boulos, uma das principais figuras de esquerda da frente ampla. Assim a rejeição a própria eleição chegou à 40% da população, ficou evidente durante a campanha do segundo turno que não havia grandes oposições entre Covas e Boulos, os próprios debates se assemelhavam a conversas de comadres, sem polarização política real não há impulso para que a população vote.

Analisando um pouco mais a cidade de São Paulo é possível observar que a Zona Leste que apresenta a maior base militante real do PT (que foi de onde vieram os votos de Boulos devido a uma enorme manobra da burguesia) não votou em massa em Boulos. Já a Zona Sul que possui uma presença mais puramente eleitoral, herdada do período de Marta Suplicy foi onde houve mais votos em Boulos. Isto significa que a campanha do candidato do PSOL aconteceu ao estilo burguês, não baseada em uma militância de rua mas em cabos eleitorais, propagandas na imprensa burguesa e grandes apoio de capitalistas. A semelhança entre as campanhas de Covas e Boulos foi uma das formas que ficou claro à população que não havia uma oposição real entre ambos.

Um grande setor da esquerda irá cair agora em uma ressaca eleitoral devido a esta grande derrota nas urnas, mas a realidade é que a eleição de nada vale. A enorme taxa de votos nulos, brancos e abstenções é na realidade uma manifestação de uma reação passiva ao regime político iniciado com o golpe de 2016, esses números devem servir de armas para a esquerda, que tem como seu principal papel a mobilização da população contra a burguesia. Sendo assim é preciso continuar a organização da população que esta revoltada com o governo Bolsonaro e dos demais golpistas como o Dória, Ratinho Jr, Ibaneis e Claudio Castro. O caminho da esquerda, da luta contra o fascismo, nunca foi nas urnas e sim nas ruas, é preciso retomá-las já.

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