O texto-base da propalada “reforma” da Previdência foi a votação na tarde/noite da quarta-feira, dia 10 de julho, no plenário da Câmara Federal, onde 379 deputados entregaram seu voto, marcando o maior e mais criminoso ataque ao principal direito social dos trabalhadores existente no país, a previdência pública, conquista histórica da classe trabalhadora brasileira. O projeto recebeu 71 votos a mais do que era necessário para a sua aprovação (308), com 131 deputados se posicionando contrários ao conteúdo do projeto.
Indevidamente chamada de “reforma”, o que foi à votação hoje no plenário da Câmara dos Deputados nada mais é do que a destruição pura e simples da previdência pública nacional, um conjunto de direitos e conquistas – ainda que extremamente limitados – que garantia aos trabalhadores brasileiros alguma mínima e elementar segurança (seguridade social), quando da sua aposentadoria, direitos esses duramente atacados com as mudanças propostas nas regras que definirão, de agora em diante, como cada trabalhador irá se aposentar, se é que alcançará esta condição, este direito, pois muitos morrerão antes mesmo do usufruto do descanso remunerado.
A esquerda parlamentar, que se limitou a fazer “oposição” nos debates ocorridos nas audiências públicas e nas comissões, mais uma vez ocupou a tribuna para exercer livremente o direito de espernear, discursando contra o projeto de “reforma”, pois ação política concreta, decisiva e contundente; em outras palavras, mobilização, atos e protestos para enfrentar a direita golpista dentro e fora do parlamento, em nenhum momento se dispôs a fazer, a não ser os inúteis lobbies junto aos parlamentares, abaixo-assinados, recepção de deputados em aeroportos, envio de e-mails e outras iniciativas inócuas sem qualquer efeito ou resultado.
O trabalho de “sensibilização” dos nobres deputados proposto por setores da esquerda parlamentar, no entanto, parece não ter tido efeito nem mesmo entre os chamados partidos e parlamentares do chamado “campo progressista”, pois até mesmo esses se alinharam aos golpistas na infame tarefa de entregar a previdência social pública para os bancos, para os capitalistas exploradores. Na votação, computados os votos de cada bancada partidária e de cada deputado individualmente, apareceram no painel 8 (oito) votos a favor da “reforma” do “progressista” partido do ex-candidato presidencial golpista Ciro Gomes, o maior camaleão da política brasileira. Portanto, o PDT, partido que sabe-se lá porque compõe a ala tida como de “esquerda” na Câmara Federal, contribuiu com oito votos para destruir e entregar a previdência pública aos bancos, ao sistema financeiro. Entre esses oito votos do PDT está o da deputada pelo Estado de São Paulo, Tábata Amaral, exaltada por setores da esquerda como uma das representantes da nova geração de parlamentares “progressistas” que chegou para trazer “sangue novo”, “renovar” o parlamento.
Sem tergiversações e sem meias palavras, o Partido Democrático Trabalhista (PDT) deve ser chamado pelo que é, pelo que foi e pelo que vem sendo, particularmente desde o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, quando o partido que se reivindica como herdeiro do trabalhismo brasileiro entregou 6 (seis) votos a favor da cassação do governo eleito pelo voto popular. À época, o PDT ostentava na Câmara uma bancada de 12 (doze) deputados, portanto, 50% dos parlamentares pedetistas contribuíram para golpear o voto popular, pois se alinharam aos golpistas da extrema-direita para depor o governo eleito legitimamente em 2014.
A postura do PDT aliada à inércia e paralisia da esquerda parlamentar (Psol, PCdoB, Rede, PSB, setores do PT) é a prova viva e cabal da mais completa falência da política de lobby parlamentar, de pressão sobre os deputados, de organizar recepção em aeroportos, de envio de e-mails. Ao substituir a luta de massas, as mobilizações, os protestos e atos em favor de uma política de resultado zero para os trabalhadores, um setor da esquerda nacionbal passa a ser cúmplice de todos os maiores ataques ao povo brasileiro, seus direitos e conquistas.