O segundo turno das eleições municipais evidenciou um aspecto fundamental da consolidação do regime erguido – ainda que de forma improvisada – a partir do golpe de Estado de 2016 e a liquidação total do Partido dos Trabalhadores, principalmente de sua principal liderança, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Isso como parte da político golpista – de caráter fascista – de reduzir drasticamente e, se possível, eliminar, a participação política dos trabalhadores no regime político.
Em um momento que a direita avança pesadamente contra as condições de vida de milhões de trabalhadores, multiplicando o genocídio na pandemia da covid-19 e pela fome diária de milhões de pessoas, ampliando – como nunca – o desemprego, expropriando os salários com a inflação e tudo mais que for preciso para “socorrer” os capitalistas em franca decadência, é preciso destroçar com toda possibilidade de reação da classe operária. Para isso, ter uma esquerda dócil e sem vínculos com a classe operária na “oposição” é uma questão decisiva.
Por isso mesmo, com toda a fraseologia em torno da importância de derrotar o bolsonarismo, a “selvageria” da extrema direita etc. O que não se viu nessas eleições foi a direita golpista, disfarçada de centro, apoiar o Partido dos Trabalhadores embora o inverso tenha ocorrido em muitos lugares.
Eles e seus aliados da “esquerda”, defensores da frente ampla com os golpistas, do PCdoB, do PSOL, da direita do PT e toda a esquerda burguesa (PSB, PDT etc.) preferem, por isso mesmo, Bolsonaro e seus “cachorros-loucos” aos petistas.
Eles até querem se livrar, de forma amigável (se possível) de Bolsonaro. Nada de impeachment, nada de deixar que ocorra qualquer mobilização contra o presidente ilegítimo que eles ajudaram a eleger, justamente para impedir a vitoria do PT. Querem trocar Bolsonaro, se possível em 2020, para substituí-lo pela direita tradicional, mas consequente nos ataques aos trabalhadores, mas não querem – de forma alguma – Lula e o PT.
Isso fica comprovado à exaustão nos caso de Recife e Vitória, entre muitos outros.
Na capital pernambucana, os golpistas da esquerda (como o PSB e PDT) e da direita, formaram uma vasta frente, com o apoio imprescindível do PCdoB para impedir a vitoria do PT, naquela que talvez tenha sido a mais férrea disputa desse processo eleitoral. o mais autêntico vale-tudo “bolsonarista” contra a candidata do Partido dos Trabalhadores, no Estado natal de Lula.
Em Vitória, não faltou apoio dos “progressistas” e “científicos”, dos “anti-bolsonaristas” ao candidato bolsonarista, Delegado Lorenzo Pazolini (Republicanos), contra o candidato do PT, mesmo com toda a política de conciliação defendida e pratica por ele em sua trajetória política.
Obviamente que o mesmo não seu viu com os aliados da frente ampla. Com o PSOL – levado ao segundo turno por uma operação fraudulenta que lhe transferiu os votos do PT (que não foi denunciada e até foi apoiada por petistas), em São Paulo, não faltaram e não cessam de repercute rasgados elogios. Em Belém, os “socialistas com liberdade” mereceram o apoio de tucanos e direitistas de outras matizes para chegar ao governo.
O mesmo se deu com o PCdoB que, mesmo fraudado no resultado final em Porto Alegre e derrotado em “sua base” principal, o Maranhão, foi tratado como aliado preferencial pelos golpistas dos tradicionais partidos da direita que – de fato – venceram as eleições.
Esse senhores da esquerda que a direita gosta, elogia e quer ver substituindo o PT, são instigados a atacarem ainda mais o partido e o ex-presidente Lula, por um dos principais porta-voz do “Partido da Imprensa Golpita”, O Globo, que orientou até mesmo a direita do PT:
“PT deve cobrar de Lula fatura pelo desempenho eleitoral sofrível”
Consumada a fraude eleitoral em favor da direita, vem aí, com força ainda maior, uma nova ofensiva da direita contra as condições de vida das massas.
É preciso enfrentar esta ofensiva, superando a política de capitulação e colaboração com a burguesia adotada pela esquerda burguesa e pequeno burguesa defensora e praticante da política de frente ampla com a direita golpista como se viu explicitamente no processo eleitoral.
Denunciar o caráter reacionário do balanço da burguesia e dos seus aliados na esquerda, é parte fundamental desse enfrentamento.