O debate sobre derrubar estátuas, que setores da esquerda pequeno-burguesa começaram a trazer à tona copiando os acontecimentos na Europa e nos Estados Unidos, onde manifestantes derrubaram estátuas de escravagistas e outros personagens da direita, é mais uma dessas polêmicas de quem substitui a política concreta por uma ideologia sem fundamento na realidade.
No fundo, o que querem os defensores do “vamos derrubar as estátuas”, além de uma posição reacionária que visa apagar o passado do País, é desviar-se do que é fundamental, que é a luta política contra Bolsonaro, contra os fascistas e o golpe que massacra pessoas hoje, não séculos atrás. Mas deixemos esse debate temporariamente de lado.
A jornalista Cynara Menezes, em seu blog Socialista Morena, na ânsia de defender sua posição em prol de derrubar estátuas e monumentos, acabou mostrando que essa ideologia nada tem que ver com a esquerda. Para justificar a queda das estátuas, acabou justificando também a velha máxima da extrema-direita: nazismo é igual ao comunismo.
“Não existe na Alemanha nenhuma estátua em homenagem ao nazismo para que sirva “como objeto de estudo e reflexão”. O mesmo aconteceu após o fim da União Soviética. Quem não recorda as estátuas de Lenin sendo arrancadas das praças públicas? Alguém defendeu que elas fossem preservadas ali por seu “valor histórico”? Ou que a cidade de São Petersburgo mantivesse o nome de “Leningrado”?”
Para Cynara Menezes, o importante é sair derrubando estátuas, nem importa se a do grande revolucionário russo, Lênin, que libertou os trabalhadores da opressão czarista e ajudou a construir o primeiro Estado Operário da historia da humanidade, ou se é de Adolf Hitler. O valor histórico, em ambos os casos, diferentemente do que ela afirma, é muito grande. Seja para lembrar dos horrores do que foi o nazismo, seja para lembrar do grande revolucionário.
Se o fim da Segunda Guerra acabou com alguns monumentos nazistas, é compreensível. Mesmo assim, campos de concentração foram transformados em museus para que se lembrasse dos horrores do holocausto. Naquele momento, a revolta do povo se mostrava em todos os seus aspectos. Mas isso não tem nada que ver com uma ideologia de derrubamentos de estátuas como quer defender a colunista.
A comparação com Lênin mostra que essa ideologia é, inclusive, sem princípios. O negócio é demolir tudo. Não se trata de saber se o alvo é um genocida ou um revolucionário.
Enquanto isso, os verdadeiros inimigos do povo estão vivos e assassinando a população na periferia.
E é deixado de lado de que a questão fundamental é derrubar os governos atuais, como de Bolsonaro, Trump etc. que massacram o povo e que, se não forem colocados abaixo pela mobilização popular, vão erguer novas estátuas para glorificar o genocídio que estão realizando em todo o Mundo.