O debate sobre o retorno das atividades presenciais nas escolas brasileiras vem sendo marcado pelas decisões arbitrárias do poder público e pelo total descaso do setor pela vida alheia. De norte a sul do país, os ditos democratas científicos defendem o início do ano letivo sem que a vacinação tenha alcançado os trabalhadores da educação e muito menos os alunos. Em Salvador (BA), o Secretário de Educação, Marcelo Oliveira (PSDB), protagonizou outro episódio de autoritarismo e descaso com a vida humana.
Em videoconferência, Marcelo Oliveira defendeu o início do ano letivo na capital baiana justificando que não é possível esperar que a vacina chegue para os profissionais da educação, tendo em vista que a vacinação para tal grupo está programada para a quarta fase do processo de imunização e esperar até lá, segundo o Secretário, poderia comprometer as atividades escolares nesse ano.
A retórica demagógica de Marcelo Oliveira é a mesma adotada pelo seu partidário João Doria, Governador de São Paulo. Nesse sentido, o descaso pelo povo operário que atua na educação é o mesmo, ambos defendem um retorno imediato na rede pública, que não apresenta a mínima condição de cumprir os mais básicos protocolos de higiene e de distanciamento social. Em muitas unidades educacionais administradas pelo setor público brasileiro não se tem água, sabonete, papel, álcool e outros insumos básicos para a manutenção das atividades conduzidas nesses espaços.
É obvio que os dois “cientistas” sabem dessa realidade, o que se esconde por trás dessa manobra genocida é o lobby feito pelas elites econômicas para o retorno das atividades das redes particulares de ensino. Portanto, a defesa pelo retorno das atividades presenciais nas escolas públicas brasileiras não configura, em nenhum momento, apreço pela vida acadêmica dos estudantes, principalmente os mais pobres. Pelo contrário, demonstra-se o total descompromisso com a vida e a saúde do povo operário. Ademais, em pleno recrudescimento dos casos de óbito e contágio, com medidas restritivas de circulação sendo postas em prática em diversos Estados, a continuidade da tradicional superlotação nos transportes públicos e o fim do auxílio emergencial, qual é o sentido de retornar as atividades presenciais nas escolas? Não faz o menor sentido.
A cidade de Salvador, igual a qualquer outra cidade brasileira, apresenta as discrepâncias sociais comuns a quase todos, ou todos, os municípios brasileiros. Logo, acreditar que as medidas de segurança sanitária que podem ser adotadas pelas escolas frequentadas pelos filhos da elite econômica da cidade podem ser implementadas nas escolas públicas que carecem dos itens mais básicos e possuem infraestrutura precária, configuram não um equívoco, porém um ataque concreto ao povo operário soteropolitano.
A política defendida aqui nesse jornal, pelo Partido da Causa Operária e principalmente pelas fileiras da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR) tem como base a ordem de retorno das atividades escolares apenas após a vacinação.
Acreditar que os mandos e desmandos de uma direita golpista, supostamente democrática e científica manteria algum resquício de compaixão pelo povo operário é fechar os olhos para toda a demagogia discursada e a falta de políticas concretas para auxílio da população mais vulnerável.
Já são quase 220 mil mortos pelo novo coronavírus, fora os casos não contabilizados, a juventude estudantil e os trabalhadores da educação não serão alvos dessa política genocida e nem aumentarão essa trágica marca. Somente a mobilização popular dos trabalhadores da educação e a adoção de políticas de combate a essa direita facínora podem solapar as intenções de figuras como Marcelo Oliveira e do atual Prefeito da cidade, Bruno Reis (DEM).