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Boulos, PSTU, UP e PCB

Se recusaram a apoiar Dilma e agora vão para a cama com a direita

Partidos que assistiram de braços cruzados a derrubada de um governo popular pelo imperialismo entregaram "superpedido" de impeachment junto com a direita golpista

Na última quarta-feira (30), a imprensa golpista, seguindo sua tradição de fazer grandes coberturas toda vez em que há algo de seu interesse em jogo, apresentou o “superpedido” de impeachment impetrado por mais de 40 signatários com pompas e circunstâncias. O documento não continha uma novidade em si — os crimes dos quais Bolsonaro é acusado já constavam em outros pedidos. O verdadeiro motivo da festa feita pela imprensa golpista estava na composição de seus autores, que iam desde quase todos os partidos da esquerda nacional — PT, PCdoB, PSTU, PSOL e UP — a elementos da extrema-direita — Kim Kataguiri (DEM), Alexandre Frota (PSDB) e Joice Hasselmann.

O único partido de esquerda que não assinou o pedido foi o Partido da Causa Operária, que, de maneira equivocada, foi citado como um dos autores do documento. Conforme denunciado por este diário, o PCO jamais assinaria um documento com delinquentes políticos, não forneceu qualquer procuração para que seu nome constasse no documento e falou em público várias vezes contra tal procedimento.

Já os demais partidos de esquerda — PT, PCdoB, PSTU, PSOL, UP e PCB — não só não desmentiram que fizeram parte do “superpedido” como festejaram e apareceram, junto aos fascistas e inimigos do povo, na coletiva de imprensa para exibir com orgulho o “superpedido”. Mostraram — e por isso tanta alegria da imprensa — que, finalmente, são todos grupos que defendem a conciliação de classes. Ou, de outro modo, a submissão da esquerda à burguesia.

Para o PT, trata-se de um erro bastante grave. O partido decidiu seguir a mesma política que levou à sua derrota, decidiu aliar-se, mais uma vez, com justamente aqueles que puxaram o seu tapete. O caminho da conciliação já se revelou um desastre e repeti-lo não irá produzir outro efeito que não a desmoralização perante as massas e novamente o tapete puxado para cair de cabeça no chão.

Mas o caso dos demais partidos é ainda mais grave. Porque não só esses partidos estão em franca aliança com a direita golpista e bolsonarista, como foram partidos que se recusaram a formar uma frente com a esquerda nos anos anteriores para defender o governo do PT. Ou seja, são oportunistas de primeira hora quando a direita os convida para uma frente e absurdamente sectários no momento em que a esquerda precisa se organizar para contra-atacar. No fim das contas, estão sempre em uma frente com a burguesia. Afinal, mesmo que não houvesse uma frente formal em 2015 e 2016, a situação política era bastante clara: ou se lutava contra o golpe ou se permitia que o governo fosse derrubado.

O PSTU defendia abertamente o “Fora Todos”. Isto é, uma variante do “Fora Dilma” — primeiro derrubariam Dilma, depois derrubariam todos até sobrar o presidente do PSTU, José Maria, para tomar o poder entregue pelas mãos de Sérgio Moro. O partido do “Fora Todos”, contudo, demorou mais de um ano para levantar o “Fora Bolsonaro”, adotando essa palavra de ordem somente quando pensou que a burguesia derrubaria o governo, e ainda mais com uma variante esquisita — “Fora Bolsonaro e Mourão” — que representava uma saída parlamentar para a crise do País.

O PCB, durante o período do golpe, consolidou sua fama de “PCBarrichello”, o partido que chega atrasado nos acontecimentos. Diante da luta política cada vez mais acirrada, o partido se abstinha de tomar uma posição. Mas o seu silêncio, no final das contas, se comprovou como uma cumplicidade com os golpistas: atacou várias vezes o que chamou de “lulopetismo” enquanto o golpe era dado e ainda se juntou à Frente Povo sem Medo para protestar contra o governo que estava sendo derrubado. Segundo esse partido, não se poderia apoiar a luta contra o golpe, pois isso seria defender o “governismo”.

O PSOL, por ser um partido um pouco maior, já completamente estabilizado enquanto um partido de parlamentares, se viu obrigado a votar contra o impeachment na Câmara dos Deputados. No entanto, sua política também foi de pavimentar o caminho para os golpistas. A ala mais pseudorradical do partido — MES e CST — defendeu abertamente a Operação Lava Jato e a “luta contra a corrupção”. Ou seja, defendeu a perseguição à esquerda. E a ala mais oportunista, que não tinha condições de atacar tão frontalmente o PT, acabou organizando a Frente Povo sem Medo, criada justamente com o objetivo de dividir a esquerda na luta contra o golpe a fim de boicotar essa luta.

A grande figura pública por trás da Frente Povo sem Medo sempre foi Guilherme Boulos, ex-candidato a prefeito de São Paulo pelo PSOL. Boulos liderou as manifestações golpistas do “Não vai ter Copa” e foi uma das principais lideranças dos protestos “contra o ajuste fiscal”, que, na verdade, eram protestos contra o governo federal.

A UP, durante a luta contra o golpe, ainda não existia. No entanto, não é difícil deduzir qual seria a posição do partido na época. Seus principais dirigentes, naquela época, estavam organizados no Partido Comunista Revolucionário (PCR) e editavam o jornal A Verdade, que defendia uma política semelhante à do PSOL – tanto é que votaram em Luciana Genro em 2014. Hoje, a UP integra a articulação Povo na Rua, que é dirigida pelo MES (de Luciana Genro) e outros setores do PSOL, e defende uma política abertamente antilulista e antipetista.

De todos esses, o único partido que chegou mais perto de uma defesa real da luta contra o golpe foi o PCdoB. Afinal, além de ter votado contra o impeachment, o partido participou da Frente Brasil Popular, a articulação que foi formada justamente para organizar a luta contra o golpe nas ruas. Mas nunca passou disso: o partido defendeu que Dilma Rousseff renunciasse e chamasse novos eleições, além de sempre compor a ala mais direitista do movimento, propondo a participação de elementos da direita e a condução do movimento pelas vias institucionais. O PCdoB defendeu o PT por mero oportunismo, estando sempre à direita nessa frente com o PT, e impulsionando cada vez com maior força a frente ampla com a direita golpista, como vemos hoje.

Como visto, formar uma frente única da esquerda contra uma ofensiva da direita era muito difícil — sempre havia “questões” das quais ninguém poderia abrir mão. Boulos dizia que o governo Dilma Rousseff era “indefensável” porque faria um ajuste fiscal, mas o ajuste feito pelo governo golpista foi muito, muito mais profundo. O PSTU queria queda do governo por ser “corrupto”, mas acabou colocando a extrema-direita no poder. O PSOL, a UP e o PCB não queriam um governo com empresários, mas acabaram de assinar uma declaração de intensões com um ator pornô bolsonarista, com uma das principais vozes do antipetismo na imprensa e com o Movimento Brasil Livre (MBL), que é um grupinho fascista. Desde 2016, ganharam um governo de empresários fascistas e lacaios do imperialismo. Agora, aliam-se a esses empresários.

Tanto a ala oportunista do “superpedido” — PCdoB, Boulos e PSOL — quanto a ala das correntes internas e externas pseudorradicais do PSOL — UP, PSTU e PCB — agora já não podem mais criticar a política de colaboração de classes, crítica essa que foi amplamente utilizada para atacar o PT. O “superpedido” não só desmoraliza os partidos envolvidos, como acaba desmoralizando o movimento Fora Bolsonaro de conjunto. Se tanto as alas pseudorradical e oportunista estão agarradas à burguesia, a candidatura de Lula, que ganha força na medida em que há um enfrentamento com a burguesia, fica isolada do conjunto da esquerda. Fica, portanto, enfraquecida, o que dará asas para que a direita tente alguma manobra para derrotar o maior líder popular do País e maior trunfo eleitoral da esquerda para enfrentar os golpistas, derrotando também a mobilização nas ruas.

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