Os chilenos organizaram um protesto, no último dia 27, que mobilizou as bases sociais, em vários setores, províncias e regiões, praticamente sem a imprensa, quase sem propaganda, sem suas lideranças mais conhecidas, mas por contato direto entre as pessoas por telefone mesmo, e contando apenas com o boca a boca e a indignação de um povo em resistência e rebelião,
Esse isolamento dos partidos políticos se dá porque o governo, os partidos de direita, em conjunto com a Concertación e a Frente Amplio, grupos do Centrão do Chile, não medem esforços para salvar o sistema de exploração, miséria e morte, tentando retornar à sua “normalidade” anormal, o povo do Chile Ele lhes deu outra lição de dignidade.
A expressão de repúdio generalizado a uma instituição policial que, historicamente, agiu a favor dos empresários capitalistas como seu braço armado, bombou nas redes sociais, incluindo o Twitter, com amplas repercussões em quase todas as cidades do país.
Foram muitos gritos e palavras de ordem contra as forças repressivas, rechaçando não só a violência policial, mas também às políticas do governo e da oposição que estão mais uma vez dispostas a trair o povo, concordando com os empresários sobre como salvar o sistema.
As cidades de Antofagasta, Iquique, Valparaíso, Curicó e Santiago, se destacaram por suas ações de protesto e repúdio a uma política projetada e adaptada aos grandes capitalistas.
Em Santiago, as pessoas ocuparam a Praça Dignidad, novamente receberam uma resposta repressiva da força da polícia fascista e pelega, a serviço do regime capitalista, levando a várias prisões, entre as quais se destaca o médico Pablo Sepúlveda Allende, neto do ex-mártir Salvador Allende.
Em um momento em que a crise capitalista chega a um ponto de saturação, e agora é agravada intensamente pela pandemia do coronavírus, se desponta no horizonte o desmoronamento dos regimes políticos, produto dos golpes de estado nos países latino americanos, em que, a maior parte da esquerda, ao invés de ocupar os espaços e liderar a povo oprimido, se articula com uma frente ampla e em um Centrão, a pretexto de reunir todos para atacar o governo, se alia à direita, o mesmo grupo que elegeu o presidente golpista, para derrubá-lo e intensificar uma agenda de trabalho da direita e não da esquerda.
Mesmo diante dessa traição da esquerda, e apesar da pandemia estar sendo usada como arma repressiva para impedir protestos e rebeliões, os chilenos logo entenderam que, se o governo forçar a trabalhar sem condições sanitárias postas ao dispor da população, apesar da pandemia, também autorizam protestar, dando o exemplo a ser seguido por todos nós.