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O caminho é a polarização

Se Lula repetir 2002, corre grande risco de perder as eleições

Uma parcela da esquerda, diante da possibilidade da candidatura do ex-presidente, acredita que a política correta seria um novo “Lulinha paz e amor”. Um grande equívoco!

Lula está no páreo. Há uma real possibilidade de ser candidato nas eleições de 2022, diante da crise no interior da burguesia que terminou por anular seus processos na Operação Lava Jato. Agora, com os direitos políticos recuperados, tem o caminho livre para se candidatar.

O ex-presidente sofre pressões de dois lados a esse respeito. A classe operária e a base militante do PT e as organizações de esquerda querem que ele anuncie o quanto antes a sua candidatura. Por outro lado, a ala direita de seu partido e os abutres eleitorais de outras organizações – como Guilherme Boulos do PSOL e Flávio Dino do PCdoB – não querem vê-lo nas urnas no ano que vem, para abrirem caminho a uma candidatura palatável para a burguesia ou mesmo para ficar a reboque de algum candidato da direita.

Uma outra parcela da esquerda, ainda confusa diante da situação política, acredita que o fato de Lula ter recuperado seus direitos indicaria que a burguesia está dando uma “colher de chá” para o petista a fim de utilizá-lo nas eleições para que, vencendo o pleito, estabilize o País em um governo de colaboração de classes, tal como o fez em 2002.

Esse segmento da esquerda pensa que a burguesia está apostando em Lula contra Bolsonaro. O inimigo principal da burguesia, segundo essa tese, seria o próprio presidente fascista. Não percebem que a burguesia, apesar das desavenças, atua na atual conjuntura política para sustentar o governo de extrema-direita, buscando controlá-lo. Se for necessário, ela deixará de lado as “discordâncias” com Bolsonaro para apoiá-lo novamente – como o fizera em 2018 – contra a esquerda.

É preciso entender claramente que a burguesia e o imperialismo não querem Lula de volta. Em 2002, Lula e o PT fizeram um pacto com os capitalistas para entrarem no governo e apagarem o incêndio causado por Fernando Henrique Cardoso, que arruinou o País e começava a levar a situação para uma desestabilização que possibilitasse aos trabalhadores uma nova onda de mobilizações. O PT foi colocado no governo para impedir essa possibilidade, contendo o movimento operário com seu prestígio e o de Lula.

Um verdadeiro governo de conciliação de classes, Lula acalmou os ânimos dos trabalhadores com alguns benefícios, ao mesmo tempo em que não mexia nos interesses dos capitalistas – pelo contrário, como ele mesmo reconhece, seu governo fez a alegria dos banqueiros.

Entretanto, com a crise de 2008, a situação mudou. O imperialismo precisava salvar o lucro de seus monopólios e, para isso, era necessária uma política de total ataque aos trabalhadores – o que o PT não conseguiria fazer, justamente por sua ligação com a classe operária. A crise iniciou um período de intensa polarização política, levando ao crescimento da extrema-direita, por um lado, e, por outro, ao aumento da agitação operária.

Foi preciso retirar o PT do governo, mesmo que pela força. O golpe de 2016, seguido da prisão ilegal de Lula e da eleição fraudulenta de Bolsonaro, representou nitidamente essa ruptura da burguesia com o PT.

Ainda vivemos sob o regime golpista iniciado em 2016. A burguesia e o imperialismo, portanto, mantêm sua política de rompimento com o nacionalismo burguês de base operária, isto é, com Lula e a ala lulista do PT. Ela não apenas quer distância de Lula, como também quer aniquilá-lo politicamente.

E a burguesia sabe que Lula é uma grande ameaça eleitoral. Porque sua candidatura, aos moldes de 1989 e não de 2002, levaria a uma intensa mobilização de sua base operária e do enfrentamento desta com a direita e o golpe. Desestabilizaria ainda mais o País, ao passo que o que a burguesia mais quer é a estabilidade.

Por esse motivo, diante da possibilidade da candidatura de Lula, a burguesia faz uso de mil e um artifícios para impedi-la ou controlá-la. Um deles é promovendo uma “terceira via” entre Lula e Bolsonaro, uma candidatura que unifique o centrão e combate os extremos. Outro é alimentando as posições na esquerda que pretendem apaziguar a situação com uma versão 2022 do “Lulinha paz e amor”, acreditando que seria a política mais correta a se seguir para derrotar Bolsonaro.

O que a esquerda não entende é que, diante da situação extremamente polarizada entre os trabalhadores e a direita golpista, querer agradar essa direita moderando a sua política a esquerda estará entregando as eleições para Bolsonaro. A era dos polos opostos, dos extremos, não dá margem para uma política que vai em direção ao centro. Quem busca o centro acabará sendo engolido pelos polos, como foi demonstrado em 2018.

Naquelas eleições, a direita tradicional sofreu sua maior derrota histórica. A situação se polarizou entre Bolsonaro e o PT. Entretanto, o candidato petista era alguém cuja política é caracterizada pela moderação e pelo caminho do centro (Fernando Haddad), o que fez com que a polarização não fosse levada adiante e, portanto, possibilitou a vitória de Bolsonaro.

A esquerda que pressiona para que Lula adote a política de 2002 acabará levando a uma grande derrota, como em 2018, e não a uma vitória. Nesse sentido, o Lula de 2022 deveria ser mais parecido com o de 1989, que polarizou com a direita e que levou o regime a uma intensa crise. Essa crise só não foi tão profunda devido justamente à capitulação, já no primeiro turno, diante das pressões da burguesia para controlá-lo (com um vice burguês), e também no segundo turno, diante da política de moderação da esquerda pequeno-burguesa.

O caminho para a vitória – não apenas eleitoral, mas geral – contra Bolsonaro, a direita e o golpe é a polarização. Somente uma candidatura e uma campanha eleitoral que mobilize radicalmente as massas trabalhadoras poderá realmente levar a uma vitória da esquerda.

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