“Fora Bolsonaro”! Essa já é uma palavra-de-ordem que reverbera onde é levantada. Tem duplo significado. Por um lado, expressa o profundo repúdio que a esmagadora maioria da população tem contra o candidato da extrema-direita. Por outro, já é a sinalização de que uma eventual vitória de Bolsonaro não será aceita assim tão facilmente. Além da repulsa que causa com seu discurso fascista, sua candidatura é vista por amplas parcelas da população como a candidatura dos golpistas, como de fato é, a continuação do golpe.
O certo é que será inevitável o acirramento da luta de classes no país na próximo período. Um dos motivos pelos quais Bolsonaro se tornou, de maneira improvisada, o candidato do golpe é a sua relação com grupos fascistas, que estão por aí a cometerem barbaridades covardes, inclusive assassinatos, contra pessoas indefesas, mulheres negros, homossexuais.
Não que a direita e os golpistas sejam contrários a esse tipo de política. Essa escória humana foi forjada justamente pelos “bons moços” da burguesia golpista e colocados em primeiro plano na campanha do impeachment e na perseguiça a Lula e o PT pela Rede Globo e todos os meios de comunicação, que buscavam criar um arremedo de apoio popular para justificar a calhordice do processo fraudulento, que deu pretexto ao golpe de Estado.
Na impossibilidade de contar com seus Alckmins, Ciros e Aécios da vida, os autênticos testa-de-ferros do golpe se curvaram à realidade e abraçaram a candiatura de Bolsonaro.
Não foi tarefa fácil. Depois de todo tipo de golpe em cima de golpe para garantir a condenação, a prisão e a cassação de Lula das eleições, os golpistas trabalharam com a perspectiva de transformar Bolsonaro em um “espantalho” para que seu candidato, Geraldo Alckmin, fosse para o segundo turno contra o “espantalho” ou, na pior das hipóteses, tivesse como adversário o candidato indicado por Lula.
Mal sucedidos no seu intento, tiveram que se contentar com Bolsonaro. Não é à toa que as Forças Armadas, uma espécie de interventor extra-oficial no país, ao mesmo tempo que é avalista de um possível governo Bolsonaro, tem como plano B, como deixou claro o General Mourão, vice na chapa, não descartar a possibilidade de um “auto-golpe” militar.
O impasse não será resolvido pelas eleições. A tendência é o aumento da polarização política entre esquerda e direita. Uma questão crucial do posto de vista dos trabalhadores será a reação da esquerda e das direções do movimento operário e popular a uma possível vitória dos “donos do golpe”.
A eleição é uma fraude. Não tem Lula e teve uma série de mecanismos para fazer a direita ganhar.
Um possível governo Bolsonaro já nasce impopular e faltalmente entrará em choque com as massas trabalhadoras. Caso eleito, Bolsonaro também é ilegítimo porque, sua vitória será resultado da fraude.
É necessário estimular a mobilização contra o governo da direita em torno de eixos que de fato potencializem a luta contra o golpe, tais como a denúncia das eleições fraudadas e a luta pela liberdade de Lula e de todos os presos políticos.