O controle do esporte mais popular do mundo pelos grandes grupos capitalistas e pelas grandes corporações financeiras fez emergir um conjunto de distorções sociais e culturais em quase todos os países onde o futebol ocupa posição de destaque como o esporte da preferência da população. Cada vez mais, sob o controle dos capitalistas, o futebol vem assumindo, com toda a nitidez, a fisionomia de mais uma mercadoria a serviço de interesses completamente alheios aos anseios e às expectativas das massas populares.
Um dos aspectos da descaracterização do futebol enquanto esporte das grandes massas populares e também, mais especificamente, da classe operária (muitos clubes surgiram a partir de associações e entidades de trabalhadores) pode ser identificado na transformação dos monumentais estádios em “arenas esportivas”, que nada mais são do que espaços para comercialização de produtos e mercadorias das grandes marcas esportivas, fast food, boutiques, lojas comerciais etc.
Estes verdadeiros templos do consumo, somados a outros aspectos da exploração das logomarcas dos clubes, fez afastar um contingente gigantesco do público torcedor dos “estádios”, que sempre teve no futebol uma das principais, senão a principal, forma de entretenimento, inclusive familiar. E o principal motivo do alijamento dos torcedores das partidas de futebol foi e continua sendo o aumento exorbitante e abusivo do preço dos ingressos, mesmo nas partidas que não são decisivas.
Alguns dirigentes de clubes do Brasil, percebendo a evasão de público e também de receita nas bilheterias, estão tentando minimizar este impacto na perda de público e esvaziamento dos “estádios” adotando medidas para trazer de volta o torcedor, principalmente os de baixa renda, mas também aquele de renda média, que também deixou de ir aos “estádios”, em função da elevação dos custos totais que envolvem a ida a uma partida de futebol no Brasil (deslocamento, ingresso, alimentação).
Cruzeiro e São Paulo estão sendo os precursores desta experiência, que visa também a adesão de torcedores para a categoria de sócio-torcedor. O tricolor paulista está reservando o setor amarelo das arquibancadas do seu estádio para o recebimento do torcedor que aderir ao plano, onde será cobrado o valor de R$ 10,00 no ingresso. A medida é válida para todas as partidas da competição nacional e começará a valer a partir do compromisso do São Paulo contra o Bahia, marcado para o dia 19 de maio.
É preciso reivindicar dos clubes e das entidades envolvidas com o futebol brasileiro que adotem, como medida de conjunto, o barateamento de todos os ingressos, em todos os setores dos “estádios” em todo o país, possibilitando ao torcedor o retorno às partidas de futebol, que se coloca como um direito democrático da parcela menos favorecida da população e das massas populares em seu conjunto.