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Reformismo em crise

Sanders oferece à esquerda um beco sem saída

De uma vez por todas, Bernie Sanders coloca de que lado está: da burguesia e do imperialismo.

Até o momento, o ano de 2020 se mostrou um verdadeiro desafio para todo o mundo. Com o número crescente de infectados e de mortes em decorrência do novo coronavírus, o neoliberalismo está dando mais uma prova de que seus fundamentos são completamente instáveis. A intensificação da crise do imperialismo, decorrente da pandemia, se deu em todas as esferas e em todos os países dominados por sua influência. Ainda mais nos Estados Unidos, berço da política imperialista, vimos surgir uma crise gigantesca, começando com as manifestações após o assassinato de George Floyd e, tendo seu ápice, nas eleições presidenciais do mês passado, reflexo de o que o futuro guarda para o capitalismo.

No começo do ano ainda estava incerto quem seria o grande candidato a se contrapor à política de extrema-direita de Trump. Todavia, uma coisa era certa: o democrata que angariava o apoio dos setores mais oprimidos da sociedade estadunidense era, entre todos os cotados para a corrida, Bernie Sanders. Se autointitulando socialista – algo que decerto, e, ainda mais como veremos abaixo, não reflete o caráter de sua ideologia -, Sanders propôs um programa contra a devastação que a administração trumpista estava causando em meio ao início da epidemia do coronavírus no País. Por mais que representasse uma ala esquerda do imperialismo, chegou a falar em um sistema único de saúde, similar ao SUS, para combater a miséria que perpassa o povo norte-americano. Sem contar em sua proposta acertada de suspender todos os despejos e cortes de luz durante a pandemia.

Todavia, quase que de forma idêntica ao que ocorreu em 2016, Sanders sofreu um duro golpe por parte do Partido Democrata, sendo substituído pelo venal representante do imperialismo Joe Biden, desistindo completamente de sua candidatura. Vale ressaltar que, como foi denunciado por este Diário, esta capitulação teve o efeito de dispersar a base popular que se agrupava em torno de Sanders, hipótese comprovada pelo simples fato de que os eleitores de Sanders tinham como uma de suas palavras de ordem o No Biden! (Biden não!), reconhecendo sua política absolutamente imperialista. Foi, finalmente, uma manobra que colocou a juventude, os negros e as mulheres à reboque do direitista Biden, visando acabar com a crescente polarização dos EUA.

Agora, Sanders mostrou sua verdadeira face, concretizando sua completa capitulação ao imperialismo e, consequentemente, à manutenção da ordem política vigente nos Estados Unidos. Em um artigo publicado no site The Guardian, intitulado How do we avoid future authoritarians? Winning back the working class is key (Como evitamos futuros autoritários? Reconquistar a classe operária é chave), Sanders defende abertamente o governo de Biden.

Bernie Sanders inicia seu texto com a seguinte declaração: 

80 milhões de americanos votaram em Joe Biden. Com estes votos contra a intolerância de Donald Trump o mundo pode, coletivamente, suspirar aliviado.

Ou seja, logo no começo, coloca claramente em que lado está: o do imperialismo. Além disso, após analisar o porquê de mais de 11 milhões de pessoas votaram em Trump, argumentando que é resultado de sua propaganda de cachorro solitário, contra todos os setores da política estadunidense; procura desatrelar a figura de Trump da política imperialista, visando destacar seu mais novo amigo, Biden, como efetiva oposição à política de Trump.

“Ele se vale do racismo, da xenofobia e da paranóia para convencer uma vasta parcela da população Americana de que ele se preocupa com suas necessidades, quando nada poderia estar mais longe da verdade. Seu único interesse, desde o primeiro dia, foi Donald Trump”, mas não a burguesia, afirma o “ex-social-democrata”. 

Em seguida, Sanders procura transferir a sua base eleitoral, que já se declarou, em sua maioria, contrária à política de Biden, para o recém-eleito Democrata. Para tal, coloca como se o seu programa, suas reivindicações, estivessem completamente alinhadas à política do Partido que domina a esquerda estadunidense há mais de uma década. As seguintes passagens demonstra claramente sua ilusão – ou, provavelmente, sua malícia – ao defender o partido de Biden:

“Se o partido Democrata quer evitar a perda de milhões de votos no futuro, ele deve ser firme e atender às famílias da classe trabalhadora de nosso país […] Os Democratas devem mostrar, em palavras e ações, quão fraudulento é o partido Republicano quando ele afirma ser o partido das famílias dos trabalhadores. E, para fazer isso, os Democratas devem ter a coragem de enfrentar os poderosos interesses especiais […] Estou falando de Wall Street, da indústria farmacêutica, da indústria de combustíveis fósseis, do complexo militar-industrial, do complexo industrial dos presídios privados e muitas outras organizações lucrativas que continuam a explorar seus empregados.”

Esconde, evidentemente, o fato de que o partido Democrata e, principalmente, a ala liderada por Biden e Obama, como bons representantes do imperialismo, são absolutamente favoráveis à manutenção do monopólio que os setores citados por eles controlam. Afinal de contas, Biden teve como um dos principais propulsores de sua campanha a própria imprensa imperialista e demais setores diretamente relacionados a ela, como os empresários, banqueiros e, em geral, todo o imperialismo.

A seguir, veremos mais uma prova de que procura diferenciar Biden da burguesia imperialista, aprofundando sua ilusão quanto ao Democrata.

“Se o partido Democrata não consegue demonstrar que se levantará contra essas instituições poderosas e que lutará agressivamente em defesa das famílias dos trabalhadores deste país – sejam elas Negras, Brancas, Latinas, Asiático-Americanas ou Nativo-Americanas – iremos abrir o caminho para que outro líder autoritário de direita seja eleito em 2025. E este presidente pode ser ainda pior do que Trump”, intensifica seu apoio à frente ampla estadunidense… 

“Joe Biden concorreu à presidência com uma forte agenda a favor da classe trabalhadora. Agora, devemos lutar para que ela seja posta em ação e opor vigorosamente aqueles que se colocarem em seu caminho.”, aprofunda a ilusão no que diz respeito aos interesses de Biden…

Indigno de citação, o resto do artigo constitui uma construção no mínimo cafona, diferenciando, com cada frase, qual é o objetivo de Sanders com sua declaração: despolarizar a situação política em seu país. Para tal, encobrirá ao máximo a verdadeira política de Biden, taxando-o cada vez mais como o herdeiro do progressismo dentro do partido Democrata.

Finalmente, o prognóstico defendido pelo PCO se mostra ainda mais lúcido frente às mais recentes escatologias do antigo social-democrata estadunidense. A mudança do regime político nos Estados Unidos não se dará pela manutenção do bipartidarismo e, principalmente, pela permanência da esquerda norte-americana à reboque da política imperialista. Muito pelo contrário, a verdadeira luta deve se dar em meio à construção de um partido revolucionário independente da política do imperialismo, um partido que se coloque, de forma material, do lado oposto da burguesia imperialista e que consiga, por conseguinte, levar à frente a luta de toda a classe operária norte-americana.

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