A crise política segue crescendo, não só no Brasil e na América Latina, como temos visto nos casos do Chile, Equador e Peru, como em todo o mundo. O povo latino americano tem demonstrado repetidas vezes, através de violentas reações populares, que não está disposto a aceitar a imposição da destrutiva política neoliberal.
No Brasil, onde a situação do governo Bolsonaro torna-se cada vez mais crítica. O que faz a esquerda pequeno-burguesa para enfrentar esta direita, que se encontra na corda bamba por conta da política neoliberal que ela mesma aplicou? Eis que vem a campo a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL/SP) com um abaixo-assinado online, que pede a saída do ministro do meio ambiente Ricardo Salles.
Primeiramente precisamos destacar o caráter altamente defensivo da palavra de ordem de “Fora Salles” e congêneres, tais como “Fora Guedes” e “Fora Weintraub”. Como estes setores não encampam o “Fora Bolsonaro”, resta a eles a tarefa inglória de ajudar Bolsonaro a escalar os seus ministérios. Desta forma, ao invés de mobilizar o povo pela derrubada de Bolsonaro nas ruas, que inclusive já demonstrou inúmeras vezes ter disposição para entrar nesta luta, teríamos que não só aceitar este governo, mas servir como uma espécie de consiglieri de Bolsonaro. Trata-se da tentativa de “colocar Bolsonaro na linha”. É como se a esquerda se colocasse na função de administrar o governo direitista, uma espécie de técnico da “seleção” de Bolsonaro, escalando os ministros e chamando outros para o banco de reservas.
É evidente que esta é política sem nenhum futuro, afinal, até mesmo a burguesia, a grande imprensa capitalista e os militares não conseguem controlar por completo o ingovernável Bolsonaro. Mas além deste aspecto, a “mobilização” proposta por Sâmia é ainda mais inócua. Afinal, a psolista propôs um abaixo-assinado pela saída de Salles do ministério do Meio Ambiente. Nesta altura do campeonato, acreditar que é possível resolver os problemas do Brasil por meio de um abaixo-assinado virtual é “dose pra leão”. É uma iniciativa completamente diferente dos abaixo-assinados recolhidos pelos militantes dos Comitês de Luta, pela liberdade de Lula, que servem para mobilizar a militância nas ruas, e agrupar diversos setores da população em torno de uma luta efetiva contra o governo e o regime golpista.
Por isto, coloca-se na ordem do dia para a esquerda brasileira a necessidade de romper com esta política defensiva, de “colocar Bolsonaro na linha”, e de “resolver” os problemas do Brasil por meio de inofensivos abaixo-assinados virtuais. É preciso que a esquerda e o movimento operário e popular ouçam a “voz do povo”, que exige o “Fora Bolsonaro” e a liberdade de Lula, se mobilizando pela derrubada do governo e pelo “Lula Livre” nas ruas.