A direita procura acobertar as suas manobras golpistas através de vários recursos. Um deles é dizer que a prisão de Lula seria a prova de que não há ninguém intocável no Brasil, como se banqueiros, a família Marinho e outros grandes capitalistas estivessem em risco. Como sabemos, apenas capitalistas de menor porte, como o dono da Dolly, é que tendem a sofrer ataques.
No entanto, o que vimos em torno do caso Lula? Um juiz de primeira instância, da provinciana cidade de Maringá, o já famosíssimo Sérgio ‘Mussolini de Maringá’ Moro, fez todo tipo de loucura. Através da operação Lava Jato, controlada pelo imperialismo e em conluio o monopólio da imprensa capitalista e outros setores, vimos toda sorte de acontecimentos surpreendentes: presidente grampeado, farsas de todo tipo, delações produzidas sob medida, “colheita” de provas – afinal, colhemos o que plantamos – laudos fraudados, documentos escondidos, enfim, uma farsa total e completa. De acordo com a direita golpista e alguns setores de esquerda, esses seriam sinais de que agora os poderosos do Brasil estariam em perigo. Não há risco à democracia, muito menos fascismo, diziam eles há até muito pouco tempo atrás.
Um dos temas que seduz de forma muito poderosa um setor da esquerda pequeno-burguesa é o chamado ambientalismo, que tem como um de seus principais porta vozes a candidata a presidência Marina Silva, ligada ao Itaú e à Natura. Todo o povo brasileiro assistiu horrorizado ao desastre ambiental causado pela Samarco na cidade de Mariana, no interior de Minas Gerais, que ocorreu em 5 de novembro de 2015. Este, que se não foi o maior desastre ambiental da história do Brasil, certamente é o maior da história recente, teve um tratamento totalmente distinto do que foi oferecido ao ex presidente Lula, que hoje encontra-se preso nas masmorras de Curitiba. No entanto, Marina Silva calou-se diante desse desastre, provocado pela política neoliberal implementada por pressão do imperialismo, e pouco a pouco o assunto foi caindo no esquecimento.
Foi sem muita surpresa, mas com muita revolta, que recebemos a notícia de que o judiciário golpista abre brecha para livrar a cara dos executivos da Samarco. A comparação da clara diferença de tratamento fornecido pelo poder judiciário, profundamente reacionário, nos dois casos, o de Lula e o da Samarco, tem um grande poder pedagógico na luta de classes.
Grandes tubarões, como os donos e representantes da Samarco e outras grandes empresas nacionais e estrangeiras, no presente momento podem dormir tranquilos. Principalmente na atual conjuntura brasileira, com Lula preso há mais de 180 dias e boa parte da militância petista discutindo se vale a pena ou não falar de Lula como uma estratégia eleitoral na campanha de Haddad. Que fique sempre de lembrança para toda a esquerda: toda luta contra a corrupção termina desse jeito.