No seu blog na Folha de S. Paulo, diante do assassinato do líder das Forças Armadas do Irã pelo imperialismo norte-americano, Leonardo Sakamoto se esforça por igualar os Estados Unidos e o Irã. O pretexto para uma caracterização tão absurda é uma suposta defesa do “povo iraquiano”: “Dá para ter lado no conflito EUA e Irã? Sim, o do povo oprimido por ambos”.
Ao igualar o imperialismo norte-americano, esse mesmo cujo País é governado pelo representante da extrema-direita, Donald Trump, ao Irã, o blogueiro não está mais do que se colocando do lado da agressão imperialista. Nesse caso, não importam as desculpas nem os pretextos, por mais morais que possam parecer.
Mas o pretexto usado por Sakamoto também não é real. Se ele realmente está preocupado com a defesa do povo iraquiano, como afirma, em primeiro lugar seria preciso denunciar o imperialismo. Quem levou o Iraque a essa situação foram os norte-americanos e o imperialismo em geral ao invadir e agredir o Iraque. E o imperialismo, com a mesma moralidade de Sakamoto, justificou essa agressão por um lado acusando Saddam Hussein de ser ditador e em segundo acusando o País de ter armas químicas que mostrou-se uma acusação falsa. Diga-se de passagem, Sakamoto faz coro com a acusação contra Saddam, segundo ele afirma no texto o povo do Iraque foi “oprimido pela ditadura Saddam Hussein”.
O Iraque está sendo destruído pelo imperialismo. Seja lá quais forem as intenções do governo iraniano ao intervir no País, com certeza não chega aos pés do nível de ataque colocado em marcha pelo imperialismo. É um problema que deveria ser simples. O Irã intercede no País vizinho ao seu, inclusive a pedido do governo desse país – independente das considerações que possam ser feitas sobre este governo. Já os Estados Unidos invadiram um país situado em outro continente, sem nenhum motivo real a não ser promover a espoliação do povo iraquiano.
A política iraniana não é nada mais do que defensiva perto da presença dos norte-americanos que não destruíram apenas o Iraque. Sakamoto ignora o óbvio e fecha os olhos para o fato de que os EUA são uma potência econômica e militar que ocupa e saqueia o mundo inteiro.
“Se quisessem ajudar Bagdá a se reerguer, criariam um fundo para a reconstrução do país e deixariam a tarefa para os próprios iraquianos, auxiliados por forças sob o comando das Nações Unidas para impedir que o ISIS se beneficie do vácuo de poder. Preferiram afogar um movimento nascente que poderia ajudar a reformar um Estado corrupto, cleptocrata e violento”, e mais uma vez Sakamoto ignora a política e a luta de classes e apela para a cruzada moral.
Mas mesmo se abríssemos alguma concessão para as justificativas de Sakamoto, ainda é preciso dizer mais uma palavra. O assassinato de Suleimani foi uma ação covarde dos Estados Unidos e uma violação dos mínimos direitos diplomáticos tanto do Iraque como do Irã. O Irã, por sua vez, não realizou nada nem parecido com isso.
Retirado o disfarce mal feito, a posição “neutra” de Sakamoto é na realidade pró-imperialista.