Os atos contra aumento de passagens voltaram à cena política no início deste ano.
Não era para menos. Apesar da inflação divulgada pelo governo estar na casa dos 4%, inúmeros artigos que pesam no bolso do trabalhador subiram muito mais do que isso nos últimos 12 meses, a exemplo da carne, dos combustíveis, dos alugueis e do ônibus urbano. Nas capitais brasileiras, por exemplo, o trabalhador gasta, em média, um sexto do seu salário com transporte coletivo. Em outras palavras, a cada 6 dias de trabalho, um dia serve apenas para pagar os custos que o trabalhador tem, indo ao trabalho.
Os estudantes são uma classe que costuma ter mais agilidade na mobilização, e por isso abrem o caminho das manifestações populares. E dada a paralisia dos partidos de esquerda em geral, que controlam boa parte dos centros acadêmicos e organizações estudantis, é quase um milagre que as manifestações estejam se repetindo.
Tanto a imprensa burguesa quanto a mídia “progressista” procuram caracterizar a manifestação por ser contra o aumento das passagens, o que é verdadeiro, mas não deve ser a única dimensão explorada. As lutas específicas que foram travadas neste ano não tiveram capacidade de conter os avanços do governo fascista e golpista de Bolsonaro e seus aliados nos governos estaduais e prefeituras.
Para a tão propalada “união” dos movimentos de esquerda, é preciso concentrar-se em torno da palavra de ordem que é comum a todos, e que derruba o seu avanço de conjunto. Trata-se de exigir a derrubada do governo, ou seja, o Fora Bolsonaro. Nada de perder tempo pedindo demissão deste ou daquele ministro, muito menos tentando “colocar Bolsonaro na linha”. É preciso derrubar nas ruas este governo ilegítimo, fascista e neoliberal, imediatamente.