Em uma reunião nesta terça-feira (20/8) com trabalhadores da Shell, Donald Trump considerou a ideia de os EUA deixarem a OMC – Organização Mundial de Comércio – caso as condições não se tornem mais favoráveis. O presidente norte-americano disse que a OMC vem “ferrando” (screwing) os EUA por muitos anos, e que ele não permitirá mais que isso aconteça.
Há sempre um limite entre os discursos demagógicos e as possibilidades de ação, mas é fato que Trump depende de uma base social que pede medidas protecionistas, e tenta se aproximar desta base pensando na reeleição.
O ministro da Economia russo, Maksim Oreshkin, observou que declarações como estas tendem a ser apenas um blefe para tentar pressionar outros países. Mas há uma pressão interna nos EUA para aumentar o protecionismo, principalmente contra países como India e China. Oreshkin apontou corretamente que a saída dos EUA da OMC não significaria uma ameaça para a OMC, que ainda é a principal organização comercial do mundo. Esta saída seria um problema, de fato, para os próprios Estados Unidos.
Esse é o tipo de impasse que o capitalismo atravessa na atualidade. O maior participante global, que sempre deu as cartas entre os imperialistas, vem perdendo seu peso geopolítico gradativamente, a ponto de se sentir prejudicado pelo clube seleto que ele costumava controlar. Caso saia da OMC, os grandes capitalistas demandariam algum novo tipo de arranjo comercial entre os grandes estados capitalistas, que não teria os norte-americanos como principal protagonista.