Os capitalistas montaram um mecanismo de controle direto sobre o Congresso Nacional, passando por cima dos partidos tradicionais da própria burguesia. Trata-se de um resultado da crise política que se abriu desde a campanha golpista que derrubaria Dilma Rousseff depois de alguns anos, em 2016. Por meio de movimentos como Raps, RenovaBR, Livres e Agora, grandes empresários têm montado bancadas particulares dentro do legislativo, privatizando a Câmara e se preparando para privatizar o Senado.
Esses partidos disfarçados, atuando nas sombras, camufladamente, com um orçamento privado fornecido por interesses ocultos, elegeram 54 políticos no ano passado, sendo 30 deles deputados federais. É o caso, por exemplo, de Tabata Amaral, eleita com apoio do Movimento acredito, financiado por Jorge Paulo Lemann. Ironicamente, Tabata Amaral apresentava-se como sendo de esquerda, até chegar a votação da reforma da Previdência e se desmascarar, mesmo com a cobertura da imprensa capitalista. Tábata Amaral continue se esforçando para se apresentar como “esquerdista” até hoje.
Perseguição aos partidos
Complementarmente à compra de cadeiras no Congresso por meio do financiamento direto de campanhas eleitorais, os capitalistas também perseguem os partidos convencionais por meio do Estado controlado pela burguesia. Enquanto esse partidos discretos e não institucionais atuam nas sombras com absoluta liberdade, os partidos institucionais são cada vez mais controlados pelo Estado por meio da legislação eleitoral. O TSE e os TREs procuram controlar toda a atividade dos partidos legalizados, exercendo um controle antidemocrático sobre esses partidos, que são entidades de direito privado.
De modo que a maioria da população, o cidadão comum, ao tentar se organizar em torno de um partido é perseguido pelo Estado, que cria uma série de obstáculos burocráticos para o funcionamento dessas entidades. Enquanto os partidos da burguesia têm times de advogados e burocratas assalariados para prestarem contas aos tribunais, a população têm seu direito de se organizar em torno de um partido extremamente dificultado. Como se isso não bastasse, agora a burguesia simplesmente montou partidos “sem partido” para controlar o Congresso diretamente, sem intermediários.
Congresso privatizado é uma ditadura
A compra de mandatos no Congresso para privatizá-lo, passando por cima até mesmo dos partidos tradicionais da burguesia, é um aprofundamento da ditadura dos capitalistas. Enquanto serviam como intermediários para o exercício do poder pelos capitalistas, os partidos concentravam um determinado poder em si mesmos. Na medida em que a crise política se intensificou, no entanto, os capitalistas sentiram a necessidade de exercer esse controle de maneira mais direta. Esse controle exercido diretamente caminha em direção a uma ditadura aberta, em que não haverá nenhuma margem para a eleição de representantes de qualquer setor popular, com a exclusão total da população do regime.