Com o título de “Fracasso da Frente Ampla”, a Análise Política da Semana desse sábado (06/02) abordou em 3 horas de programa os temas políticos mais relevantes da semana. O programa é dividido em duas partes, a análise propriamente dita e uma seção de perguntas da audiência. Passamos então a resumir os principais temas abordados por Rui Costa Pimenta, presidente do PCO.
Balanço da posição da esquerda nas eleições da Câmara e do Senado
A política adotada pela esquerda de apoiar os golpistas na eleição da Câmara, na esperança de que a frente ampla fosse uma ferramenta de enfrentamento a Bolsonaro foi na verdade uma política oportunista de lutas pessoais por espaço dentro do regime político. O resultado da eleição, com uma vitória acachapante de Bolsonaro, ajuda bem a entender a situação política atual. A ilusão de que exista uma direita democrática é na verdade uma forma de contrariar a realidade para favorecer uma politica que se quer levar adiante.
Esta ilusão rapidamente se desfez quando os políticos burgueses decidiram apoiar o candidato de Bolsonaro. Outro golpe nas ilusões da frente ampla veio de declarações de políticos burgueses como ACM Neto dando conta de que setores importantes da burguesia estão inclinados a apoiar Bolsonaro em 2022, ou seja, os partidos burgueses não apoiarão nenhuma alternativa a Bolsonaro que não seja tão ruim quanto ele. Rui declarou que “na visão cor de rosa de alguns setores não foi Bolsonaro que ganhou, mas o centrão que tomou conta de Bolsonaro”, o que mostra a total incapacidade destes setores em analisar a conjuntura de forma realista.
Para ele, a esquerda deveria ter concluído que a tática da frente ampla deveria ser abandonada imediatamente.
O motivo alegado pela esquerda em defesa desta política de colaboração seria que eles teriam uma visão realista da situação, e que deveriam lutar pelo que é possível no momento, diferentemente do PCO, por exemplo, que teria uma visão idealista da situação, e por isso apostaria numa revolução, coisa que não consideram possível. Na verdade, a divergência não está posta entre realismo e idealismo, mas entre realismo e fantasia. A política do PCO é realista ao concluir que não existe a tal direita democrática, que é preciso romper definitivamente com os golpistas e liderar os trabalhadores na luta contra o golpe. Por outro lado, a política sem rumo que na Câmara apoiou um golpista e no Senado um bolsonarista, só pode ser classificada como fantasiosa.
STF, processos contra Lula e Haddad candidato
A crise instalada no STF diante das revelações da perseguição judicial a Lula favorece o movimento de luta pelos direitos políticos de Lula, isso causou agitação no PT e Haddad chegou a anunciar que foi indicado pelo próprio Lula como candidato do PT em 2022, o que Rui considera estranho nesse momento.
O que poderia ser um estímulo para a esquerda foi na verdade um balde de água fria para aqueles que apostam na frente ampla como Boulos que rapidamente se pronunciou contra as pretensões de Haddad. Para Rui, se se confirmar a indicação de Haddad por Lula, trata-se de uma capitulação do PT diante do golpismo do STF que já busca uma saída para tirar Lula da eleição, repetindo a fraude de 2018 que elegeu Bolsonaro.
Rui também explicou porque não apoia candidatos como Haddad, políticos pequeno-burgueses sem compromisso de classe e citou políticos como Erundina e Marta Suplicy, outrora celebradas como grandes esquerdistas mas que na verdade perseguem interesses pessoais, “buscam uma posição dentro do Estado, é uma coisa de classe” afirmou. Também citou FHC, um professor, sociólogo, autor de vários livros, cujas posições eram muito esquerdistas e que evoluiu para se tornar um símbolo da direita nacional.
Polêmica Allan dos Santos
Gerou polêmica na esquerda a posição do PCO contrária à exclusão do bolsonarista Allan dos Santos e de seu canal Terça Livre do Youtube. Rui explicou a posição confusa da esquerda que deveria se colocar contrária ao cerceamento da opinião, mas que faz exatamente o contrário por acreditar que os grandes capitalistas das redes sociais defenderiam qualquer tipo de valor democrático. Para Rui é uma “esquerda intelectualmente subdesenvolvida” que não percebe que o imperialismo, do qual estas empresas fazem parte, não se opõe ao fascismo, mas se utiliza dele sempre quando necessário.
De volta ao caso Rovai
A polêmica envolvendo o editor da revista Fórum, Renato Rovai, e o PCO volta a ser abordado na Análise, desta vez porque Rovai mais uma vez abdicou do debate de ideias para, desta vez, fazer acusações graves e levianas contra o presidente do PCO e sua família, segundo Rui “um papelão, fruto do desespero de quem não tem argumentos para travar o debate de ideias”.
Tudo começou quando Rovai acusou o PCO de defender Dolnald Trump. A conclusão do ex-professor de jornalismo foi baseado na matéria do DCO intitulada “Obrigado, Trump”, um título provocativo para abordar o caráter positivo da crise política aberta nos EUA pelo enfrentamento entre a extrema-direita trumpista e a burguesia imperialista. A acusação de Rovai parece ser uma retaliação ao PCO pelas críticas ao PSOL e à frente ampla defendidas pelo jornalista.
O que poderia ter sido um debate de ideias passou rapidamente a ser um ataque rasteiro contra o PCO, acusado de ser uma “gangue de moleques”. Desta vez, Rovai acusou o Partido da Causa Operária de não ser um partido político, mas uma organização criminosa, um espécie de monarquia da família Pimenta que o utiliza em benefício próprio.
A acusação de Rovai constitui crime de calúnia e difamação, no entanto Rui explicou que não irá levar o caso aos tribunais, como fariam os psolistas que Rovai tanto defende, sobretudo nesse momento em que se debate a necessidade de preservar a liberdade de expressão, quando parte da esquerda apoia a censura promovida por grandes monopólios de internet contra direitistas como Trump e Allan do Santos, sem se dar conta que o alvo preferencial da censura é a própria esquerda.
Rui Costa Pimenta disse ter 40 anos de militância, que o PCO é o partido que mais cresce na esquerda tornando-se recentemente a maior força entre os partidos sem representação parlamentar. “O PCO tem milhares de militantes” e as acusações de Rovai são uma calúnia canalha, “ele deveria apresentar provas do que diz, mas não vai. Foi buscar essas acusações em um substrato do esgoto da esquerda”. O presidente do PSOL, Juliano Medeiros, repetiu o mesmo tipo de calúnia, mostrando incapacidade de rebater as críticas do PCO.
O programa está disponível na COTV e naturalmente aborda com muito mais profundidade os temas aqui resumidos. Não deixe de assistir! Diante do aprofundamento do golpe e dos ataques ao povo brasileiro é necessário que os trabalhadores se informem e adotem uma política capaz de enfrentar a conjuntura que se apresenta.