Da redação – O debate entre Rui Costa Pimenta e Breno Altman para o 247 rendeu uma longa e complexa discussão acerca dos caminhos que a esquerda e a população em geral deve seguir pela derrubada do governo golpista e neoliberal de Bolsonaro. O presidente do PCO argumentou, de forma certeira, que a oposição não pode ser baseada na espera pelas eleições de 2022.
Na questão do impeachment e sobre a fragilidade ou não de Mourão num hipotético pós-impeachment, Rui Pimenta fez algumas considerações. Uma delas foi que Brizola, que tecnicamente seria a oposição de esquerda, por exemplo, deu apoio ao governo Collor em muitas oportunidades, sendo o único setor político que se colocou contra a saída de Collor no Brasil inteiro. As consequência do governo Collor para o povo são muito parecidas com os resultados do governo bolsonarista.
Collor, por exemplo, fez o confisco das poupanças e colocou milhões de trabalhadores no olho da rua, baseado numa política neoliberal semelhante à de Jair Bolsonaro. Nesse mesmo período, no 1º mês do governo Collor, a procura de emprego cresceu exponencialmente e as filas davam voltas nos quarteirões, o sindicalismo ficou totalmente paralisado pela ofensiva econômica da burguesia, começaram as privatizações etc.
Quando Collor cai, tudo isso acaba, a derrubada de Collor quebra, de certo modo, essa ofensiva da direita. As lutas não se desenvolvem no vazio, foi a colaboração das oposições que levou à articulação do plano real. Assim, seguindo essa linha de vacilação, o PT adotou a mesma política de hoje: esperar as eleições e ver no que vai dar, contudo, na realidade, isso não é fazer oposição real, mas sim ficar num comodismo que não dará nenhum resultado.
Não é a derrota que leva à paralisia, mas, sim, a falta de política baseadas numa ofensiva contra a direita. O povo que sai às ruas para protestar não se resume apenas a ativistas e militantes, no Carnaval, por exemplo, onde o público é bem diverso, foram inúmeras as manifestações de “Fora Bolsonaro” e “Ei, Bolsonaro, vai tomar no c*”. Não se pode esperar que o povo, sem direção política, saia às ruas aleatoriamente. Alguém tem que chamar e organizar, esse é um aspecto importantíssimo e é a linha que o Partido da Causa Operária segue.
A política que tem sido feita pela esquerda é um tanto confusa, por exemplo, PCdoB e PT que votaram pela entrega da Base de Alcântara. Isso não faz o menor sentido, essas políticas não darão resultados que favoreçam a classe trabalhadora, muito pelo contrário, só contribuem para o aprofundamento da crise que Bolsonaro tem empurrado para dentro do Brasil.