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Análise Política na TV 247

Rui no 247: “A esquerda entregou o combate ao fascismo à direita”

Análise Política densa e muito lúcida é essencial para compreensão da ilusão das eleições municipais. Também não há motivo para desespero com a derrota da esquerda.

A Análise Política na TV 247 no Youtube já se transformou num programa tradicional da esquerda na internet. Todas as terças-feiras às 16h o presidente do Partido da Causa Operária é entrevistado e responde os temas mais discutidos no momento.

Como já era previsível, as eleições municipais foram o principal tema e, como sempre, as análises de Rui foram muito esclarecedoras para todas aquelas pessoas que buscam uma opinião realista sobre a situação política e sobre as questões chave da sociedade.

Assista ao programa completo dividido em tópicos clicando aqui.

Abaixo um resumo de alguns temas discutidos no programa deste 01/12/2020.

 

Balanço do resultado das eleições municipais

O resultado das eleições era bem previsível. Com muita antecipação já estava claro que as eleições estavam organizadas para garantir a vitória do bloco político dominante no país, ou seja, daqueles partidos que saíram dos dois partidos da ditadura: Arena e MDB.

Sobre a decepção que muitas pessoas de esquerda tiveram com o resultado das eleições, Rui argumentou o seguinte: “Também acho que não é tão decepcionante como o pessoal fala. Fazendo uma consideração geral sobre as eleições, desde a ditadura, a esquerda nunca teve a menor possibilidade de disputar o poder político efetivo através de eleições municipais. Quem conhece a história dessas eleições municipais sabe disso. O melhor momento da esquerda nas eleições municipais foi quando o PT, no primeiro mandato do Lula, através de um vigoroso investimento de dinheiro e de alianças, chegou a ter 600 prefeituras. Nada em comparação com os mais de cinco mil municípios do Brasil. No melhor momento da esquerda, foi esse o máximo conseguido com as eleições”.

Continuando com o balanço das eleições municipais, o presidente do PCO coloca a importância das eleições para presidente, que são as únicas eleições aonde um voto vale um e a manipulação pela burguesia é dificultada: “A única interferência da esquerda, ou melhor, das forças populares no regime político, é a eleição presidencial com uma figura como Lula, por exemplo. Porque se não tivesse uma figura popular como o Lula, na ausência de um partido político de esquerda realmente forte, também aí a esquerda não teria nenhuma grande participação”.

“Todo esse entusiasmo pela eleição municipal é uma falta de conhecimento sobre o funcionamento do regime político brasileiro. Por outro lado, a imprensa burguesa alardeia uma grande vitória do centro, porém o que ocorre na realidade é a manutenção dos mesmo partidos que sempre dominaram. O fato de o PT não ter ganho nenhuma capital faz com que essa propaganda da burguesia fosse ainda mais forte”, concluiu.

Entrevistado por Leonardo Attuch, o entrevistador perguntou se a análise do Rui não estaria subestimando os prefeitos do PT que já governaram São Paulo: Erundina, Marta e Haddad.

Rui respondeu: “Acho que essas 3 vitórias do PT assinalam simplesmente uma oscilação no pêndulo eleitoral, o que é natural. Eu não acho que o PT na capital efetivamente exerceu o poder. É uma atividade política muito limitada”.

“Boulos foi uma manobra para tirar o PT do cenário eleitoral em 2022.”

Questionado por Attuch no que consistia esse discurso da imprensa burguesa de que hoje existe uma nova esquerda com Manuela, com Boulos, mesmo eles sendo derrotados, Rui foi taxativo: “É uma propaganda dos partidos dominantes. Se o PT é ultra-minoritário nas eleições municipais, o PSOL é nada. Elegeu quatro prefeituras, sendo todos muito direitistas”.

Prosseguindo na explicação sobre o tratamento dado a Boulos, Rui disse: “O caso mais significativo é o caso Boulos em São Paulo. Ficou muito evidente que foi uma operação política muito bem montada pela direita para tirar os votos do PT, anular o PT em São Paulo – e o PT foi totalmente incapaz de se contrapor à essa manobra – para apresentar o Boulos como grande liderança nacional. É uma operação de marketing, não é um poder real. Se amanhã a burguesia tratar o Boulos como tratou o Jilmar Tatto o Boulos tem pouquíssimo voto”.

“O caso Boulos é uma manobra para tirar o PT do cenário eleitoral em 2022. Isso daí não tenho a menor dúvida”, arrematou Rui.

Attuch: “Então, se isso é verdade, por quê o PT apoiou o Boulos com tanto entusiasmo? Incapacidade de percepção do PT?”

Sobre esta questão, aparentemente complicada para qualquer analista político responder, Pimenta foi preciso quando dissecou rapidamente o espírito conciliador e covarde do PT, que não quer brigar com ninguém, nem com aqueles que chamam os petistas de criminosos e ladrões, atacando-os constantemente, como Ciro Gomes. Então por quê haveria de brigar com Boulos que é tão afável e queridinho da burguesia? Abaixo a resposta de Rui:

“O PT eu não sei, mas conhecendo o Lula, creio que ele é totalmente consciente do que está acontecendo. O problema está na política. Ao invés de adotar uma posição crítica e combativa, denunciando a manobra – e, com isso, se indispondo com o PSOL momentaneamente –, o PT chegou a um acordo apoiando o Boulos.
O apoio do PT a Boulos serve para dar a impressão de que o Boulos não é um candidato artificial invetado pela burguesia. A política do PT é essa, de não brigar com ninguém, nem com o Ciro Gomes que chama o Lula de criminoso o tempo todo.”

“No Rio de Janeiro toda a esquerda apoiou o Eduardo Paes do DEM. Uma coisa inacreditável”.

Leonardo Attuch questionou se no Brasil também houve algo parecido com a Operação Biden dos EUA, ou seja, fazer com que a esquerda apoie um candidato de direita para se opor ao “fascismo”. Rui disse que sim, mas apontou um problema grave dessa operação:

“A esquerda entregou o combate ao fascismo para a direita. Porém no Brasil existe um grave problema. Houve 40% de abstenção, votos nulos e brancos no segundo turno de São Paulo. Esses são os órfãos da esquerda. O PT apoia o Boulos e esses 40% são um caldo de cultura ideal para a demagogia fascista em grande escala”, afirma Rui Costa Pimenta.

“A tentativa de fazer o eleitorado ir para o “centro”, que na verdade é uma direita feroz, ela não tem condições de dar certo como deu nos Estados Unidos. Se você colocar o Dória e o Luciano Huck vai abrir uma avenida para o bolsonarismo e até pior, para a extrema-direita”, finaliza Pimenta.

Sérgio Moro e seu novo emprego nos EUA

Recentemente, foi revelado que o “Mussolini de Maringá” vai trabalhar para uma empresa que faz a recuperação judicial da Odebrecht e OAS nos Estados Unidos.

Rui: “Falei várias vezes que ele era um vagabundo, sempre foi um vagabundo e nunca mais nada além de um vagabundo. Um ladrão de galinha”.

“A burguesia, para fazer as tarefas sujas, ela contrata gente desclassificada mesmo. Moro, Dallagnol, o próprio Fux no STF, é uma gente desclassificada sem eira nem beira que está desesperado para fazer qualquer negócio”, enfatizou Rui.

“O grande problema da burguesia ainda é o Lula”

Sobre um elemento único da política nacional, o presidente do PCO cita que o ex-presidente Lula é um fator que desestabiliza os planos da burguesia: “Desde 2016 estamos falando que a burguesia precisava consolidar o golpe atacando o Lula. A burguesia não consegue tirar a pedra do caminho. O truque agora consiste em tirar o Lula das eleições. Ele é a pedra do caminho da burguesia golpista.”

Leonardo perguntou se uma crítica aberta ao Lula feita por um político experiente quer dizer que ele espera uma recompensa, alguma espécie de validação para entrar para o clube da burguesia.

Rui respondeu dizendo que sim, mas que é mais do que isso. No caso de gente do PT e de pessoas que são ou foram governadores de estado, seria um acordo com a direita.

“Se o Lula participa das eleições, todo o plano golpista vai se ver em grandes dificuldades.”, arrematou Rui.

“Direita do PT sabota o próprio partido”

Um comentário sobre três importantes estados brasileiros deu o panorama da esquerda, que muitos dizem que precisa de “união”. Somente estes três exemplos apresentados pelo companheiro Rui já demonstram que uma união da esquerda em si não é viável, visto que “esquerda”, sendo um termo vago, não representa de fato um movimento real de luta.

“A Bahia é um estado governado por uma composição entre a direita do PT e o DEM e demais aliados do DEM. O PT da Bahia sabotou a própria candidatura à prefeitura de Salvador. Lançar uma major da PM assassina, como esse candidato seria popular? O PT entregou a eleição para o DEM, é um acordo.”

“No Rio Grande do Sul, a Manuela não tem voto para chegar no segundo turno, quem escolheu ela como candidata foi a direita do PT. A escolha foi para justamente fazer coro com essa campanha da burguesia de que o PT está afundado, e, com isso, abdicaram da disputa eleitoral, porque a Manuela não iria mesmo se eleger.”

“O pior de tudo é o que aconteceu em Pernambuco, onde p PSB, o PDT e o PCdoB fizeram uma campanha bolsonarista contra a Marília Arraes. Isso sem falar nas denúncias de coerção e fraude eleitoral e tudo o mais.”

Relação do PCO com Lula

Rui esclareceu a impressão que algumas pessoas tem de que o PCO ou o presidente do PCO gostam do Lula. Rui foi enfático ao dizer que não tem qualquer relação pessoal com o Lula e que quase nunca encontrou o Lula. Explicou que o PCO mais brigou e criticou o Lula do que qualquer outra coisa e esclareceu que o problema é completamente político. O Lula é visto pelo PCO como um interesse. “Assim como a burguesia está disposta a apoiar o Boulos porque é do interesse dela, nós vemos o Lula como um interesse também”.

O PCO, como um partido que se esforça para desmascarar o golpe e mobilizar a população, sendo este golpe todo concentrado para atacar e derrotar o Lula, a pergunta feita pelo companheiro Rui foi: “Por quê não devemos fazer da figura do Lula um ponto de resistência contra o golpe? Por quê motivo? Qual o problema de fazer isso? O Lula é um candidato do povo, de um partido de esquerda, um homem de origem operária”.

O programa Análise Política na TV 247 está no link abaixo:

 

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