O governador da Bahia, Rui Costa (PT), anunciou no dia 17 de dezembro que o Palácio do Rio Branco, um dos principais patrimônios culturais da Bahia — e até do Brasil —, será entregue a iniciativa privada.
O Palácio do Rio Branco, antiga Casa do Governo, fica localizado na praça Tomé de Souza, no Pelourinho, ao lado do Elevador Lacerda. Com vista para a Baía de Todos os Santos, o Palácio foi construído em 1549 e foi sede não só do governo da Bahia, mas também a primeira sede do governo do Brasil.
Desde o começo de 2019, Rui Costa vem cogitando entregar o Palácio à empresa portuguesa Vila Galé, que pretende transformar o local em um hotel. Na entrevista em que confirmou a privatização, declarou:
O município não tem recurso, o estado não tem recurso, a União não tem. Vamos deixar os prédios caírem e depois não tem mais nada, só o terreno? Isso não é racional […] [No edifício] Funciona uma repartição pública, ninguém entra ali para visitar, não tem acesso para a população. Para o povo, está fechado a décadas. Estamos fazendo ajustes no projeto para o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
O governador ainda declarou que a privatização do prédio histórico é uma “tendência europeia”, na qual prédios com as mesmas características têm sido reformados para serem utilizados em atividades econômicas.
Vale ressaltar que a iniciativa faz parte de uma “revitalização” do centro histórico de Salvador. Rui Costa já manifestou seu interesse em fazer a mesma coisa com outros edifícios históricos, com a justificativa de que não quer ver o local “virar um museu”.
Como se não bastasse a tentativa de reconstrução da história pelo governo Bolsonaro, agora teremos a tentativa de venda da história. A atitude demonstra um total desprezo pelos patrimônios culturais que, no caso de Salvador, irão virar peça de propaganda para empresas hoteleiras estrangeiras.
O governador já declarou que quer privatizar as escolas estaduais e as universidades. Já anunciou a privatização de quase metade da Embasa, empresa responsável pela distribuição de água e pela rede de esgoto da maioria dos municípios da Bahia. Tudo isso sob a alegação de melhorar a vida da população.
Ainda é um mistério como a privatização da água, da educação e da cultura seria algo bom para a população. O serviço não necessariamente irá melhorar, assim como tais ações só vão fazer com que esses serviços fiquem ainda mais inacessíveis, considerando ainda que a Bahia é o estado com maior número de desempregados e desalentados do país.
Essa política só demonstra o alinhamento de Rui Costa com a agenda neoliberal bolsonarista. Mas, como declarou o governador, “estamos quebrando tabus”.