Todos os sábados, às 11:30 da manhã, o companheiro Rui Costa Pimenta, presidente do PCO, analisa os principais acontecimentos políticos do momento, sob o enfoque marxista. No último evento, um dos assuntos em pauta foi a renúncia e autoexílio do recém-eleito deputado federal Jean Wyllys (PSOL). A inciativa veio em resposta a ameaças pessoais que Wyllys tem recebido.
Várias lideranças da esquerda elogiaram o autoexílio como um ato de coragem. Mas Rui aponta que neste caso, o exílio não foi uma escolha acertada. “Qual é a orientação diante dos ataques da extrema-deireita? Fugir ou enfrentar?” – Pergunta. “O que estas lideranças da esquerda estão dizendo é o seguinte: a coragem é você fugir.” Se os líderes estão fugindo, estão dando exemplo para que os liderados também fujam, o que obviamente não é solução alguma.
Trata-se da solução pequeno-burguesa – uma solução individual – que é possível para um deputado, mas inviável para todos os LGBT que correm perigo. O resultado é uma desmoralização geral dentro do movimento, que passa a desconfiar que seus líderes, por mais que falem em “resistência”, abandonam a luta assim que se sintam ameaçados. “É um chamado a entregar os pontos diante do governo Bolsonaro.”
Na mensagem em que comunica o exílio, Wyllys encerra com uma promessa de candidato: “Fizemos muito pelo bem comum e faremos muito mais quando chegar um novo tempo.” O problema é: quem ficará no Brasil para lutar por esse novo tempo? Ou devemos todos fugir e esperar que bolsonaristas construam o país que queremos?
Na verdade, nem individualmente Jean Wyllys resolveu seu problema já que, no exílio, ele continua recebendo ameaças contra si e contra seus familiares que ficaram no Brasil. Uma prova de que, quanto mais recua, mais a direita avança. O companheiro Rui, mais uma vez alerta para a necessidade de formação de comitês de autodefesa. Era preciso que o PSOL chamassa as organizações de luta para defender a vida e manter a candidatura de Jean Wyllys, colocando a direita na defensiva, pagando seguranças do movimento para proteger o parlamentar.