Rui Costa Pimenta mostra que os militares já estão controlando o executivo e legislativo e preparam o estrangulamento do congresso.
“Quando nós começamos a discutir o problema do golpe de estado,foram apresentados argumentos contrários dizendo que no Brasil era inviável a política do golpe de estado. Várias pessoas falara que o Brasil era uma democracia estabelecida, o golpe de estado era coisa do passado, que no Brasil as instituições eram sólidas etc. Nós argumentamos que tudo isso era fantasia, que no Brasil não havia democracia sólida, inclusive assinalamos que no Brasil na realidade nunca existiu o chamado estado de direito. Que o regime dito democrático burguês é muito mais uma aparência do que uma realidade.
O regime que saiu da Ditadura Militar era praticamente igual do da Ditadura, suprimidos alguns aspectos, um regime com verniz democrático. A maioria das pessoas não levou em consideração isso, embalados pela ilusão da solidez da democracia. Na realidade determinadas facetas do regime vigente estavam parcialmente garantidas pelas mobilizações populares que levaram ao fim do regime militar.
A medida que a mobilização começou a refluir, no fim da década de 1980 e início de década de 1990, a burguesia começou a retomar as concessões que havia feito ao povo em momentos que era necessário fazer demagogia. Uma das primeiras vítimas da burguesia foi o direito de greve. Já no governo FHC, com a greve dos petroleiros, o direito de greve foi totalmente varrido do papa, o que já estabelecia um pilar de um regime totalmente antidemocrático.
Depois nós vimos que vários outros direitos foram sendo cortados, entre os quais a liberdade de expressão. Quando chegamos nesse ponto nós temos que entender que o golpe de 2016 foi o coroamento de um processo, não o início. Logicamente ele dá início a um aprofundamento do processo direitista, mas isso já vinha de antes.
Isso é um dado importante porque nós vimos mais uma vez a ação dos militares na situação política. O dado mais importante de todos é que o Novo presidente do STF, Dias Toffoli, chamou como conselheiro um General do Exército. Esse fato da maior gravidade mostra o controle dos militares sobre o regime político.
Isso aconteceu pelo seguinte: Dias Toffoli foi indicado ao supremo pelo PT. E a pesar de ter votado com a direita várias vezes, ele é visto como um esquerdista no STF. Então para evitar que se coloque o problema da segunda instância e da própria liberdade do Lula, colocaram um cão de guarda no STF. Nós sabemos que o presidente do STF tem muito poder político, porque ele num certo sentido controla a pauta. Então, os militares assumiram o controle.
É gravíssimo porque isso equivale a , nada mais nada menos, do que a militarização do STF. Mostra a gravidade da crise que estamos vivendo, mas mostra mais ainda como a direita está se apoderando das instituições políticas. O país caminha claramente para um regime ditatorial e já se encontra debaixo da tutela dos militares.
Nós aqui já falamos várias vezes que o general Sérgio Etchegoyen é o homem forte na presidência da república, é quem está dando sustentação para um governo totalmente falido. Então, sós já temos um controle militar do executivo e te mesma forma temos um controle praticamente direto dos militares no STF. A próxima etapa e estrangular o congresso nacional, que apesar de ser composto por vigaristas é difícil de controlar.”