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Análise Política na TV 247

Rui Costa Pimenta: “fascismo foi o que fizeram contra Trump”

Sobre Trump, Rui esclarece: "Se alguém usar para o mal, problema. O direito tem que ser preservado. (...) O direito tem que ser universal, se ele não é universal é um privilégio"

Em mais um programa Análise Política na TV 247, Rui Costa Pimenta analisa os principais temas do momento. Entrevistado por Leonardo Attuch, Rui deu uma aula sobre direitos, liberdade de expressão, democracia e imperialismo. Abaixo você confere um resumo com alguns temas abordados.

Sobre a situação política norte-americana, Rui Costa Pimenta disse que o regime político dos EUA está muito enfraquecido. Rui analisou que o que estão fazendo com o trumpismo é uma ditadura política, uma verdadeira perseguição. Isso é um sinal claro de fraqueza do imperialismo em geral.

Ao atacar um adversário político, o imperialismo norte-americano sempre disfarçou os ataques com uma aparência de democracia. Porém, os ataques que estão ocorrendo contra o trumpismo, com o banimento de redes sociais e a exclusão de perfis dessas redes, são medidas extremamente graves que já não disfarçam o teor autoritário e ditatorial do regime político.

Sobre a invasão ao Capitólio, Rui disse que não foi nada extraordinário. No Brasil, muitas vezes, movimentos populares já ocuparam assembleias legislativas e o Congresso Nacional. “O movimento de protesto que procura ocupar um local público é um movimento de protesto. A tentativa de falar que isso é um golpe de estado é totalmente sem sentido e perigosa. Imagina se a moda pega, amanhã os professores de São Paulo invadem a Assembleia Legislativa, como fizeram várias vezes, (…) classificar isso como golpe de estado e terrorismo é uma loucura.

O Trump estimulou o pessoal a lutar contra a fraude, ele não mandou que o pessoal fosse violento, mesmo que ele tenha incitado a invasão do Congresso, trata-se de uma manifestação válida. Os movimentos contra as mortes contra cidadãos negros nos Estados Unidos, que queimaram delegacias, por exemplo, podem até ser violentos, mas são movimentos de protesto, não foi nenhum golpe de estado nem nada. Se considerarmos a invasão do Capitólio terrorismo, teríamos que considerar aqueles eventos contra a violência aos negros também terrorismo.

Já a suspensão da conta do presidente Donald Trump, que tem dezenas de milhões de seguidores, evidencia uma total ditadura, um verdadeiro ato fascista. “Isso é fascismo, não adianta falar que isso daí é excepcional porque se trata de uma luta contra um indivíduo muito negativo, porque isso daí não existe. Usando um ditado popular: ‘Pau que bate em Chico também bate em Francisco’, quer dizer, a lei é como esse pau, ela bate no Trump e ela bate na extrema-esquerda também”, explicou Rui.

Rui citou Edward Snowden, que disse que o banimento da conta de Donald Trump do Twitter representa um “ponto de inflexão” na questão da repressão à opinião nas redes sociais. Snowden que, aliás, não foi perseguido pelo Trump, foi perseguido pelos outros.

Sobre o aumento do tom na repressão imperialista, Rui disse: “Acho que vai se acentuar, esse movimento é o mesmo movimento contra o Julian Assange, o Edward Snowden, contra qualquer tipo de opinião divergente. Estamos diante de um monolitismo da opinião e está ficando claro que é uma ditadura. Agora, as pessoas de esquerda estão sendo induzidas em erro. Esse negócio do anti-fascismo é uma armadilha, uma arapuca. Primeiro, não tem anti-fascismo nenhum, porque o Biden não é anti-fascista, os caras do Twitter e do Facebook não são anti-fascistas, eles estão muito mais para ‘1984’ do que Trump, muito mais. Eles dominam a opinião pública. Não se trata de luta contra o fascismo. O que temos aqui é uma investida contra os direitos democráticos da população. Ninguém deve comemorar isso daí”.

Rui disse que não é normal aceitar que tudo o que as pessoas fizerem contra o Trump e contra o Bolsonaro seja validado. Não é uma política correta. O “anti-fascista” Biden, segundo o Wall Street Journal, irá trabalhar pela aprovação de uma lei anti-terrorismo doméstica, uma segunda Lei Patriótica. Ou seja, por detrás de uma suposta luta contra o fascismo, estamos assistindo uma investida anti-democrática e de características fascistas contra os direitos da população.

Respondendo a um questionamento de Attuch se o PCO não se incomoda em ter um discurso muito próximo com o da extrema-direita, que também tem defendido a liberdade de opinião. Rui disse que não. Ninguém pode se enganar de que a extrema-direita defende algum direito democrático, essa é uma contradição em termos. Se a extrema-direita estivesse no poder apoiado pela burguesia, eles estariam censurado todo mundo. Porém, agora, eles estão numa posição defensiva, por isso estão defendendo direitos individuais.

Na opinião de Rui, a defesa dos direitos individuais, ad liberdade de manifestação e da liberdade de opinião deve ser uma política permanente. Essa é a forma da classe trabalhadora e do conjunto da população se defender do estado autoritário. A Lei Patriótica, por exemplo, permite prender sem habeas corpus. Isso não é democracia.

Uma pergunta de um espectador levantou a questão do restante da esquerda no Brasil que se diz trotskista. Rui disse que a maioria desses grupos apoiou a lava-jato. Embarcaram na campanha histérica da burguesia na luta contra a corrupção.

“[Com a campanha massiva da burguesia], o PT acabou se transformando no inimigo público número um, parecia que eles tinham cometido genocídio. A esquerda, assim como uma parte importante da classe média da população, achou o seguinte: se é para combater a corrupção, vale tudo. Nós, num primeiro momento, nem falamos que não tinha corrupção nem nada, falamos que não vale tudo para combater a corrupção, não vale tudo para combater um partido de esquerda acusado de corrupto, tem que cumprir os preceitos democrático. Mas o pessoal não queria saber disso, (…) queriam o sangue do PT. Se tivesse que passar por cima da lei, eles passariam por cima da lei”, disse Rui.

O presidente do PCO explicou que, uma base no programa do partido é que os direitos democráticos são básicos para a luta popular. Ao retirar esses direitos você estaria desarmando a população para a luta. Rui emendou a explicação e falou sobre o desarmamento do povo. Algo anti-democrático também. Ele citou a famosa questão da briga no trânsito e deixou claro a posição correta com relação a isso.

“Direitos não são direitos porque eles não tem contra-indicação, digamos assim, porque ninguém irá usar um direito para o mal. Eles são direitos porque eles são direitos fundamentais. Se alguém usar para o mal, problema. Mas o direito tem que ser preservado. É o caso do Trump, ele é um elemento de extrema-direita, racista etc e tal, se ele usa o direito dele de falar para expressar ideias que são negativas, paciência. Mas, ou ele tem o direito ou ele não tem o direito. E, se ele não tiver esse direito, eu também não vou ter esse direito. (…) O direito tem que ser universal, se ele não é universal é um privilégio. Se só A e B podem falar e o resto do alfabeto não pode falar, é um privilégio”, arrematou Rui.

Esses assuntos e outros foram discutidos no programa deste 12/01/2021.

 

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