Em uma das mais recentes edições do programa Análise Política da Semana, o companheiro Rui Costa Pimenta critica o bizantinismo da esquerda com relação à definição de fascismo e alerta que o regime atual pode rapidamente se tornar fascista, dado o desenvolvimento da situação.
“Os sábios da esquerda abriram um debate bizantino, um debate acadêmico que é o seguinte: ‘O governo Bolsonaro é um governo fascista?’. É uma pergunta que se você responder sim ou não, cai numa armadilha, porque seria uma resposta acadêmica que não tem nada a ver com s situação política. A gente deveria dizer que o governo Bolsonaro não é fascista mas está se desenvolvendo potencialmente, inclusive de forma imediata características fascistas. Ele pode rapidamente adquirir a feição de um governo fascista.
Nós temos que entender que o fascismo não é uma coisa que alguém senta lá e fala assim : ‘vamos agora estabelecer o fascismo’, aí tira o fascismo do bolso do colete. O fascismo em todos os país nos quais tomou o poder, o fez em maio a uma crise política muito grande. Inclusive nós brasileiros deveríamos conhecer isso, porque tivemos um regime praticamente fascista, que foi o Estado Novo do Getúlio Vargas. Esse regime não aconteceu de uma forma tradicional como as pessoa esperam. A situação do regime se desenvolveu da revolução de 30 até 37 no meio de uma série de crises, onde foi se aprofundando a adesão da burguesia à direita e ao próprio fascismo. O fascismo nem sempre é identificado pela ascensão dos camisas pretas.
Quando você olha o governo Bolsonaro vê um programa de esmagamento das organizações dos trabalhadores e populares. Paulo Guedes declarou que a vida vai mudar para os sindicados e que os sindicatos no Brasil foram criados pelo fascismo. O que deixa claro que ele vai passar como um trator por cima dos sindicatos para “impor a democracia”.
O nós estamos vendo é uma situação similar ao que havia depois do golpe de 64.”
Assista à Análise Política da Semana, todos os sábados às 11h30, na Causa Operária TV.