Da redação – Já se passaram 90 dias e o governo ilegítimo de Jair Bolsonaro está patinando, sem conseguir avançar em sua política de ataques aos trabalhadores. Por outro lado, na Bahia, o governo de Rui Costa, da ala direita do PT, tem avançado em sua política, que cada vez mais se alinha com o governo Bolsonaro.
No último domingo (31), Rui Costa deu entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, um dos pilares da imprensa monopolista e golpista, mostrando mais uma vez o seu alinhamento com a burguesia e com a extrema-direita.
O primeiro ponto sobre as palavras do governador é que durante toda a entrevista não são citados os aspectos principais do cenário político do qual vivemos. O golpe de estado aplicado sob o governo da ex-presidenta Dilma Rousseff, do mesmo partido do governador; as eleições completamente manipuladas e fraudulentas que levaram Jair Bolsonaro e toda uma corja acéfala e raivosa de extrema-direita ao poder e, principalmente, nenhuma palavra sobre a prisão completamente ilegal do ex-presidente Lula, fato que no próximo dia 07 de abril completará um ano.
Não satisfeito em reconhecer Bolsonaro como presidente, sem nenhuma ressalva, Rui Costa praticamente clama por uma aliança se dizendo perplexo com a falta de diálogo e com os discursos raivosos vindos do planalto. O tom de aliança se intensifica quando questionado sobre a reforma da previdência, principal projeto do governo Bolsonaro. Rui Costa concorda com a reforma, porém com “alterações”.
Para o trabalhador, é importante lembrar que a reforma da previdência proposta por Paulo Guedes, ministro da Economia, é na verdade a destruição da previdência social, a destruição da previdência como um direito de todo o cidadão, destruindo todo o sistema já precário de proteção e assistência ao trabalhador. Assim, ainda que se rejeite alguns aspectos da PEC da reforma da previdência, o eixo principal será o suficiente para destruir o sistema previdenciário público e entregar os recursos dos trabalhadores aos especuladores financeiros.
Ao ser perguntado sobre a oposição ao governo Bolsonaro, Rui Costa joga o próprio partido à cova dos leões, fazendo o jogo da direita golpista, de realizar uma “autocrítica” pública. Afirma que o PT se afastou da população, e mantém a política demagógica, dizendo que seus dirigentes foram seduzidos pelos altos salários da política burocrática e foi isso que causou a “queda” do partido. Mesmo que tudo isso seja verdade, não é por esse motivo que o PT perdeu o governo federal e as últimas eleições, mas porque sofreu um golpe de Estado da extrema-direita, que arrancou a presidência de Dilma Rousseff e impediu ilegalmente o ex-presidente Lula de participar do pleito de 2018.
Sobre a avaliação dos governos do PT, é importante destacar que estamos falando do maior partido do país, que possui na sua base diversos movimentos sociais, lideranças locais e militantes engajados, que são intencionalmente esquecidos pelo governador ao citar os rumos do partido. Em suma, o partido possui divergências internas resultado da política conduzida nas últimas décadas, mas que devem ser tratados como divergências a serem equacionadas pelos próprios filiados e não oferecidos de bandeja para a burguesia golpista.
Finalizando suas palavras, Rui Costa, em seu prognóstico sobre o descontrole do governo improvisado, alinha seu discurso com o dos comandantes das forças armadas proferindo: fico sempre triste de acontecer aquilo que é contra o ambiente democrático, que é você tirar qualquer possibilidade de governar, sendo que ele foi eleito para isso. Mas em um dado momento as coisas podem se agravar muito e, institucionalmente de novo, chegar-se à conclusão de que o País não consegue ser governado. Estamos caminhando rapidamente para isso.
As palavras utilizadas pelo governador guardam um tom de ameaça, e são muito semelhantes às já proferidas pelos generais do alto comando das forças armadas, que “serão obrigados a tomar seu papel constitucional, caso necessário…” que “se as instituições não fizerem seu papel, (eles) serão obrigados a assumir” e outras frases similares.
O discurso proferido pelo governador Rui Costa está claramente desalinhado da base social do seu partido e da grande maioria da população do nordeste que rejeita o governo Bolsonaro e sua política neoliberal e pede a liberdade de Lula, porém o político carreirista se mostra a cada dia mais alinhado e avançando até mais do que o governo de Jair Bolsonaro. Na Bahia, Rui Costa já realizou uma minirreforma da previdência para os servidores do Estado, aumentando a contribuição previdenciária, restringiu o acesso ao plano de saúde (Planserv), avança na política fascista de militarizar escolas e na política neoliberal de fechar empresas públicas e demitir seus servidores.
Contra todos esses ataques, diversas categorias dos servidores estaduais realizaram paralisação nesta terça (02/04), com caminhada em protesto a partir das 9 horas, saindo do Campo Grande. Todos os trabalhadores devem se unir para combater os avanços dos governos fascistas e neoliberais e dos governos que se dizem de esquerda mas apoiam a mesma política que Bolsonaro.