A Bahia é, definitivamente, um estado da esquerda. Isto é inegável. A população clama pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas. Entretanto, aqueles que pensam que isso faz do estado um ambiente progressista se enganam. Pelo contrário, o governo de Rui Costa (PT) aplica medidas tão direitistas que, por vezes, devem deixar Dória e Witzel com uma ponta de inveja.
Rui Costa, assim como seu antecessor, Jaques Wagner, estão à direita do PT. Isto não significa, de modo algum, que sejam fascistas ou golpistas como Dória, Witzel, Caiado e ACM Neto. Entretanto, significa que apresentam-se, à burguesia, como uma alternativa viável para estalar o chicote no lombo dos trabalhadores.
O governador da Bahia vem, já há muito tempo, flertando com a política direitista. Vale lembrar seu criminoso apoio aos policiais militares que cometeram chacina no bairro do Cabula.
Na área de educação, Rui Costa é um verdadeiro especialista em fechar escolas ou substituí-las pelo ensino militar (colégios controlados pelos fascistas da PM baiana). No início deste ano, ele também fechou o Colégio Estadual Odorico Tavares para entregar o terreno, em uma das zonas mais nobres de Salvador, à burguesia e seus mega empreendimentos, em troca da promessa de construção de duas escolas. Como sempre, rápido em atender as demandas da burguesia e pronto para aceitar meras promessas.
Recentemente, Rui Costa utilizou toda sua influência para lançar Major Denice à prefeitura de Salvador pelo PT. Pra quem não lembra, Denice já foi sondada pelo DEM para concorrer às eleições. Isso mostra que a ala controlada pelo governador está bastante alinhada com a estrutura burguesa.
Como visto, Rui Costa parece ter um verdadeiro fascínio pela polícia e como ela trata os pobres. Talvez, por isso, sua medida principal para combater a pandemia é transformar a Bahia em um verdadeiro presídio a céu aberto. Sua caneta é rápida, um verdadeiro ás, para assinar toques de recolher e proibir viagens intermunicipais. Ambas as medidas afetam diretamente a classe trabalhadora.
Sobre os toques de recolher, Rui Costa vai à televisão anunciar a medida para todo extremo sul da Bahia. A medida flerta com a total incompetência. Na cabeça do governador e de seus amigos da direita, reduzir o horário de abertura do comércio e de outros serviços levará a menor contaminação do vírus. Pelo contrário, a tendência é que aumente a contaminação, já que as pessoas, agora, terão menos horários para realizar as atividades necessárias. Se os supermercados, farmácias e transportes já estão cheios, a tendência é que fiquem piores ainda com o toque de recolher.
Acerca da proibição de ônibus intermunicipais, que agora foi expandida para mais 10 cidades, totalizando 290 no estado, não passa de uma medida “para inglês ver”. O pobre, trabalhador, que não possui automóvel particular, não poderá se deslocar. Já para parte da classe média e para totalidade da burguesia, o direito de ir e vir se mantém pleno. Não que sejamos a favor de fechar o tráfego dos automóveis particulares também, mas fica claro que a retirada de direitos é apenas para alguns.
O que Rui Costa tenta fazer é tentar encerrar a classe mais pobre como se fossem bichos. Isso não causará surpresa a baiano algum, que já está cansado de ver como o governador trata os trabalhadores. É mais do que necessário que a própria base do PT e dos demais partidos de esquerda da Bahia se una e pressione Rui Costa a deixar de seguir a agenda de direitistas como ACM Neto e João Leão (seu vicegovernador) e passe adotar uma política real ligada à realidade dos trabalhadores. Por isso, todos os caminhos levam ao Campo Grande (em Salvador), no dia 13 de junho, às 14 horas!