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Rui no DCM

Rui C. Pimenta: “um setor da burguesia dá sólido apoio a Boulos”

O problema das eleições, Frente Ampla e a esquerda e diversos outros assuntos foram tema do programa desde dia 26/11.

O companheiro Rui Costa Pimenta, participou da Live das 5 do canal DCM. O programa recebe todas as quintas-feiras às 17h o presidente do PCO e é apresentado por Leandro Fortes e Marília Beznos.

No programa do dia 26/11, as eleições continuam sendo o principal tema da análise. O programa pode ser conferido na íntegra clicando aqui.

“Baixaria” nas eleições no Brasil

Sobre as baixarias bolsonaristas no segundo turno em São Paulo e Recife, Leandro Fortes perguntou se vai ser assim a partir de agora.

Rui lembrou da edição da Revista Veja às vésperas da eleição de 2014 com mentiras contra Dilma e afirmou que essas mentiras são uma norma. “As eleições são um jogo bruto onde a burguesia e os interesses econômicos em geral querem prevalecer a todo custo. É uma guerra de interesses muito forte”, afirmou o companheiro.

Não se trata de uma particularidade do bolsonarismo, é algo muito constante no país. São esses os métodos utilizados pela burguesia o tempo todo em todo o país.

Frente Ampla contra o PT

Sobre a Frente Ampla, que o PCO tem denunciado há um bom tempo, Rui foi taxativo ao afirmar que as eleições municipais servem para fortalecer essa Frente Ampla que tem como objetivo eleger um elemento da direita em 2022.

Leandro: A Frente Ampla depende do resultado das eleições municipais ou é um complô que já está sendo montado alheio ao resultado das eleições?

Rui: Os partidos dominantes, aqueles que vieram da Arena (DEM, PP e PSD) e do MDB (MDB e PSDB), e governam o país há muitas décadas, tiveram a maior parte dos votos e das prefeituras e é algo que sempre aconteceu. Ou seja, se manteve o quadro geral, a dominação dos “caciques” estaduais e municipais.

O que houve, sim, foram manobras políticas importantes que servem para posicionar os partidos para a eleição de 2022.

Duas coisas são significativas: 1) A burguesia já estava apoiando e continuaram apoiando os partidos favoráveis à Frente Ampla, principalmente PCdoB e PSOL. 2) O caso Boulos em São Paulo aonde a burguesia escolheu o substituto do Lula e o resultado obtido em São Paulo atrapalha bastante as eleições do PT na maior cidade do país em 2022.

PSOL

Sobre o embuste dos candidatos de “esquerda” do PSOL que ganharam eleições para prefeito, o companheiro Rui disse: “O PSOL não tem como substituir o PT. Eles ganharam quatro prefeituras minúsculas, sendo que esses candidatos não são efetivamente de esquerda, eles vieram da direita. O PSOL não tem nada do ponto de vista eleitoral, apenas o Boulos em São Paulo que é parte de um fenômeno artificial.”

PCdoB

O PCdoB, antigo aliado da burguesia, despencou nas eleições. “Este é um partido tradicional da linhagem stalinista, ele saiu do antigo PCB, passaram pelo maoismo e, não sendo um partido comunista tradicional, ele foi se adaptando à situação no Brasil e essa adaptação não é de agora”, destacou Rui Costa Pimenta.

Por fim, Rui arremata: “O colapso do PCdoB é demonstrado pelo integração da direita dentro do partido. Se formos analisar as prefeituras ganhas pelos partidos de esquerda, 70% é de gente que veio de partidos de direita.”

PCO

Um breve balanço do PCO foi feito a partir da pergunta do Leandro Fortes que questionava o motivo do PCO ainda não ser forte eleitoralmente e o que é necessário para que o PCO se torne um partido que conquiste o poder em algum momento.

O presidente do PCO faz um resumo da história do partido, o atual momento e o que esperar para o futuro:

“A explicação está na história do partido. Nós surgimos no final dos anos 1970 como um grupo que rompia com outra organização de esquerda chamada O Trabalho. Era um pequeno grupo, na maioria jovens estudantes e operários e ingressamos no PT para lutar internamente para que ele se tornasse um grande partido operário. Na década de 1990, no auge do neoliberalismo, com a guinada à direita de toda a esquerda brasileira, o movimento operário caiu muito naquele momento. Durante o governo Lula também houve muita dificuldade do PCO se desenvolver.

Desde o golpe de 2016, o partido começa a crescer muito rapidamente e está em pleno desenvolvimento, porém ainda não tivemos condições de nos preparar mais fortemente para as eleições. Eu acho que o PCO vai se transformando em um partido que vai aparecer, ele está crescendo e se consolidando.”

Leandro: Do ponto de vista da doutrina do partido, o que é hoje a “causa operária”? Qual seria o conceito de “operário” e “causa operária”?

Rui: As ideias básicas do marxismo e da luta de classes não se alteraram. As classes fundamentais da sociedade continuam sendo a classe operária e a burguesia mundial, ou seja, o imperialismo. A fase da classe operária enfrenta uma fase muito difícil por causa da destruição econômica da política neoliberal. Eles estão destruindo setores importantes da economia mundial, jogando operários no desemprego.

Com isso, criou-se todo um setor da classe operária de trabalhadores precarizados, porém isso não muda o caráter essencial do operário que é aquela pessoa que realiza um trabalho, que não tem propriedade e do qual é extraído uma mais-valia. Essas novas formas de relação trabalhista encobrem o fato de que há muito operário trabalhando de maneira “normal”. A construção civil, por exemplo, deve possuir no Brasil em torno de 2 milhões de trabalhadores. Na metalurgia também deve ter mais de 1 milhão de operários. Entre outros.

Funcionários públicos e a classe operária

Leandro levantou uma questão sobre os funcionários públicos, se esses são parte da classe operária ou não. A resposta de Rui esclarece essa questão e ainda faz uma contextualização da atual situação de enfraquecimento da classe operária:

“Esse setor, além do professor e do bancário, que, ainda fazem parte da classe média, estão num caminho claro de proletarização. Eles estão semi-proletarizados. São setores que, numa grande mobilização da classe operária, acompanhariam bem a classe operária.

Existe uma despolitização e uma desorganização da classe operária atualmente. Os sindicatos estão muito enfraquecidos. Na época do surgimento da CUT as greves eram gigantescas e combativas. As privatizações e demissões da época Collor/FHC e a política de equiparação da moeda brasileira com o dólar atingiram fortemente a indústria nacional e fez com que a classe operária andasse para trás. O fim da União Soviética e a abertura de diversos países para o capitalismo fez com que a mão de obra fosse desvalorizada no mundo todo. Uma hora essa situação vai acabar, os operários irão se reorganizar e se enfrentarão com a classe dominante.”

Eleições e Revolução Social

O entrevistador questiona: “O que fazer? Desistir das eleições e ficar esperando a revolução social? E essa revolução virá como? O que está sendo feito para viabiliza-la?”

Rui: Esse é o centro da política que nós advogamos e que é a política que os marxistas sempre defenderam. Eleição nunca foi objetivo dos marxistas: a política anti-burguesia torna quase impossível a vitória eleitoral e, mesmo que houvesse vitória, seria impossível implementar a política revolucionária dentro do estado burguês.

A política marxista é a de fazer tudo o que for necessário para preparar os trabalhadores para a revolução. Fazer um setor mais avançado dos trabalhadores compreender o que significam os partidos, o que representam, quais suas ligações com a classe dominante e quais são os meios pelos quais os trabalhadores podem avançar.

Stalinismo e a revolta popular

O stalinistas querem se apresentar como grandes revolucionários, porém todo mundo que conhece um pouco de política sabe que Stalin tinha a política de colaboração de classes.

Sobre os ataques da população ao Carrefour, Rui foi enfático ao defender a população e disse que a população não deve ser contida. “Não devemos esperar que as instituições vão resolver a situação porque não vão”.

O companheiro também analisou e fez uma comparação entre uma revolta popular contra uma instituição capitalista e a perseguição a certos indivíduos acusados de cometerem crimes: “A ira popular contra o Carrefour não é a mesma coisa do que caçar pessoas para servir de bode expiatório para a frustração das pessoas. Isso joga água no moinho da direita”

Confiabilidade das urnas eletrônicas

Snowden já revelou que um governo imperialista pode escutar o que uma pessoa está falando através do aparelho celular. Rui sugeriu um livro do Glen Greenwald em que constam informações sobre as formas de invasão que a burguesia pode realizar.

Solução para as questões na sociedade atual

Uma reflexão sobre a única alternativa viável e eficaz para resolver os problemas sociais da sociedade de hoje foi feita por Rui. Confirmando a teoria marxista, RCP afirma que as únicas mudanças efetivas na sociedade capitalista foram provocadas por revoltas populares nas ruas e deu o exemplo da revolta da população contra o aumento da tarifa na época do governo Haddad.

“Nós não devemos alimentar a ilusão em eleição. A prefeitura da Erundina foi uma desgraça total. A Marta Suplicy então foi um horror. Fora de São Paulo os prefeitos de esquerda são ainda piores.”

A solução, portanto, a única viável é a organização dos trabalhadores, preparando a classe operária para a revolução.


Além desses, outros assuntos também foram abordados da maneira habitualmente esclarecedora de Rui Costa Pimenta. Se você ainda não assistiu, o vídeo está logo abaixo. Vale a pena conferir!

Não perca a live das 5 no DCM toda quinta-feira às 17h!

Esses tópicos e vários outros podem ser conferidos no vídeo do programa na íntegra abaixo:

Em São Paulo e Recife, onda de ódio e fake news contra candidaturas do Psol e do PT

 

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