Da redação – Não por acaso, nos últimos dois anos, depois da derrubada criminosa de Dilma Rousseff da Presidência da República, a petroleira norte-americana ExxonMobil voltou a se interessar pela exploração e pela produção de petróleo no país, participando diretamente em vários leilões promovidos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) e tomando conta de diversas áreas altamente rentáveis dos campos de petróleo, inclusive do precioso pré-sal.
A própria presidente da companhia no Brasil, Carla Lacerda, confessa que a multinacional ficou bastante atraída pelas mudanças regulatórias introduzidas a partir de 2016 pelo governo golpista, mas todo mundo sabe que desde 2013 a empresa vem interferindo nas decisões do governo e atuando de forma especulativa nas rodadas licitatórias do petróleo, incluindo as que venderam as bacias de Ceará e Potiguar.
Nas palavras da representante da ExxonMobil, “São três pilares que nos levaram a essa atuação recente. O primeiro está relacionado às reformas [no setor], iniciativas como a flexibilização do operador único, os ajustes na política de conteúdo local com valores mais atingíveis, a extensão do Repetro, hoje extremamente importante para a indústria, e a retomada das rodadas [da ANP], com um calendário previsível”.
A multinacional adquiriu um dos mais importantes blocos geológicos da Bacia de Campos, que estava livre do regime de partilha, ou seja, nesta ocasião, a empresa estrangeira conseguiu que o lucro da exploração fosse destinado exclusivamente a ela, sem qualquer contrapartida em favor do Estado brasileiro.
Só no ano passado, a ExxonMobil produziu 3,9 milhões de barris equivalentes de petróleo e lucrou mais de US$ 19,7 bilhões. De lá para cá, outra petrolífera do exterior, a anglo-holandesa Royal Dutch Shell, detentora da produção anual de 2,7 milhões de barris equivalentes, também vem roubando o espaço pertencente à estatal Petrobrás.
Além destas duas companhias, atuam diretamente da exploração ou das ofertas de exploração no país demais petrolíferas, como Equinor (ex-Statoil), Galp, Azibrás, Queiroz Galvão, Murphy e Qatar Petroleum.
Ainda de acordo com Carla Lacerda, nota-se que um dos principais motivos que levaram a derrubada de Dilma Rousseff do poder em 2016 foi a instituição do regime de partilha na produção do petróleo no lugar do regime de concessão, que era mais vantajoso para as multinacionais. Segundo ela, ” (…) Os contratos de concessão estão aí vigentes. Temos praticamente 350 a 400 contratos de concessão e em 2010, quando surgiu a partilha o governo respeitou os contratos de concessão. Nós estamos nos baseando nesse histórico”.
Tudo isto mostra que o golpe foi destinado a retirar do comando do governo brasileiro os líderes políticos que continham a sanha expropriatória do capital estrangeiro, com vistas a finalmente entregar todas as riquezas nacionais aos especuladores internacionais e suas multinacionais. Sem uma grande mobilização popular, o Brasil não deixará de ser colônia. É necessário conscientizar a população sobre isto.