Nesta segunda-feira (2), a ministra e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Rosa Weber, lançou o site “ParticipaMulher”, que seria uma espécie de homenagem às mulheres que fazem ou já fizeram parte da vida política e da Justiça Eleitoral. O lançamento da página ocorreu durante o evento que apresentava, para parlamentares e outras mulheres consideradas personalidades, a Comissão Gestora de Política de Gênero do TSE.
Durante o evento, Rosa Weber analisou a situação da mulher na política afirmando que “os números gerais dão conta de cerca de apenas 23% de parlamentares mulheres em todo o mundo. O Brasil figura como um dos países com menor participação política feminina do continente latino-americano, apesar de as mulheres representarem 52,62% do eleitorado”. Essa é a concepção da representante de uma das instituições burguesas que mais trabalham contra o povo e a tal democracia que ela afirma faltar, concluindo que esses números representam “um déficit para a democracia brasileira”.
A demagogia no discurso de Rosa Weber é gritante, principalmente porque ela fala como se fosse possível haver algum tipo de igualdade dentro do capitalismo. Na mesma linha da presidente do TSE, a coordenadora do TSE Mulheres, Juliana Sesconetto, disse que um dos objetivos dessa iniciativa é incentivar a atuação das mulheres na vida política: “Não seria coerente se nos preocupássemos apenas com mulheres na política e não olhássemos para o nosso segmento. Temos que fazer com que as mulheres da nossa instituição reconheçam que são capazes de ocupar espaços de decisão, de gestão e que há oportunidade para tanto”
Tanto Sesconetto, quanto Rosa Weber, parecem estar falando à luz de uma realidade inexistente para a maioria das mulheres. Discursar que as mulheres precisam reconhecer “que são capazes de ocupar espaços de decisão” está muito distante da falta de escolha que atinge principalmente as mulheres da classe trabalha e as mulheres pobres, que costumam ter sua independência minada pela exploração e opressão que o capitalismo propaga em suas vidas. A ministra que vota sempre contra a população, agora tenta limpar sua imagem fazendo essa demagogia barata de defesa das mulheres. Pode ser que ela defenda mesmo, mas uma defesa restrita às mulheres de sua mesma classe social.
Enquanto essas mulheres da burguesia discursam para ninguém além delas mesmas, milhares de outras mulheres passam pelo sufoco do desemprego, pela falta de creche para seus filhos, por centenas de casos de estupro, de assédio, de violência policial, de duplas e triplas jornadas, pela violência em casa e muitas outras formas que o Estado usa para aviltar a população, e tudo isso sendo recrudescido principalmente depois do golpe que tirou Dilma da presidência do País.
Como as mulheres que moram nas favelas, que trabalham em subempregos, que possuem nas costas a carga diária correspondente há décadas e mais décadas de exploração e opressão, poderão, do nada, se “empoderar”? Reconhecer que essas mulheres são capazes não é o problema, mas sim avançar com essa luta em todos os âmbitos da vida quando o próprio sistema exploratório perfumado de demagogia cria todos os obstáculos possíveis. Antes de mais nada, a luta das mulheres deve permanecer forte nas ruas pela derrubada desse sistema que as impede de crescer.