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Robôs: apoio artificial a Bolsonaro escancara a fraude eleitoral

As eleições do golpe são elas mesmo um golpe. São pura fraude, começando com o fato mais importante de que a máquina do Estado sob comando dos golpistas executou a mais descarada perseguição ao ex-presidente Lula para, de forma acelerada e ilegal, após a execração pública pela imprensa burguesa, o condenar, prender e, assim, cassar sua candidatura.

O candidato com maior intenção de votos, capaz de ser eleito no primeiro turno, Luiz Inácio Lula da Silva, foi retirado do jogo eleitoral por uma manobra vergonhosa do Poder Judiciário, sob pressão e chantagem da imprensa golpista, tendo seu registro cassado após alterarem a jurisprudência e um exercício de contorcionismo para desobedecer decisão do Comitê de Direitos Humanos, desrespeitando um acordo internacional assinado pelo Brasil.

Como já mostramos em vários momentos, são muitas as provas de fraude nessas eleições, mas recentemente a imprensa burguesa trouxe à tona um escândalo que desnudou o candidato de extrema-direita e sua súbita disparada na corrida eleitoral, um verdadeiro exército trabalhando nas redes sociais e principalmente na administração de centenas de grupos do aplicativo WhatsApp, utilizando números de fora do Brasil para fugir do controle local, inclusive da limitação de números de encaminhamentos de mensagens por vez.

A jornalista da Folha de S. Paulo, Patricia Campos Mello, detalhou o esquema fraudulento de criação e disseminação de fake news contra os adversários de Jair Bolsonaro, indicando valores pagos para impulsionar as publicações, citando empresas que estariam patrocinando ilegalmente a campanha suja do ex-capitão do Exército. Um verdadeiro Caixa 2 foi desvelado, deixando clara a mobilização de um grupo de empresários para bancar uma milionária campanha sem contabilizar os custos. A jornalista levantou valores e, nos casos em que as empresas responsáveis pelo impulsionamento das mensagens utilizassem um cadastro próprio, uma única operação poderia custar até R$12 milhões.

A perseguição e ameaças à jornalista dão o tom para o tamanho do estrago que foi a revelação desse esquema. Os apoiadores do ex-militar adorador de torturador entraram em ação, também de forma coordenada, para intimidar tanto a jornalista quanto à Folha de S. Paulo que, durante a semana, pediu proteção policial por conta do teor das ameaças recebidas.

Outra prova da fraude é a quantidade de perfis falsos nas redes sociais Facebook, Twitter e Instagram, além de páginas específicas criadas para favorecer o candidato dos militares. O recurso aos robôs para alavancar matérias e comentários contra os adversários e, nesse período, contra Fernando Haddad e Manuela D’ávila, foi detectado por vários grupos de pesquisa e acompanhamento das redes sociais. A FGV mostrou recentemente que 70,7% dos tuítes pro-Bolsonaro adicionados à rede depois do dia 16 de outubro foram produzidos por robôs.

O Facebook decidiu agir, depois de ser pressionado por sua participação no escândalo da empresa Cambridge Analytica, que usou a base de dados da rede para microtaging político, nos Estados Unidos e, pelo que tudo indica, também no Brasil. Assim, removeu recentemente 68 páginas e 43 contas, desbaratando a maior rede pró-Bolsonaro da internet. Ao todo, essas páginas alcançaram 12,6 milhões de interações apenas no último mês, sendo seguidas por mais de 16 milhões de usuários.

Como não poderia deixar de acontecer, a campanha do candidato da extrema-direita não só nega como acusa o adversário de produzir e disseminar fake news, para evitar maior desgaste com essas ações.

Não resta dúvida de que a campanha do ex-capitão foi planejada para se beneficiar dessa verdadeira máquina de guerra já testada nos Estados Unidos na campanha de Donald Trump, pelas mãos de pessoas como Steve Bannon que, não por acaso, atua na campanha de Jair Bolsonaro. A revista Época, das Organizações Globo, traz matéria publicada essa semana em que esclarece como funciona essa máquina de WhatsApp fruto de um plano para eleger o candidato neofascista.

“Listas telefônicas em papel, chips importados, grupos segmentados e hibridismo entre militantes e disparadores pagos. Essas foram algumas das estratégias utilizadas pela campanha de Jair Bolsonaro (PSL) para criar sua extensa rede de comunicação paralela via WhatsApp”

A revista entrevistou pessoas que participaram ativamente da construção do sistema, cujo financiamento é obscuro, criado para fazer circular notícias falsas. Descobriu-se que empresas trabalhavam para o candidato no sentido de multiplicar ao infinito o número de grupos no aplicativo, utilizando listas com números de celular fornecidas diretamente por funcionários da família Bolsonaro.

As listas, ou as primeiras listas, tinham foco em São Paulo e no Rio de Janeiro, dois dos maiores colégios eleitorais do Brasil, com números telefônicos retirados pessoalmente de escritórios nessas cidades, para burlar a legislação eleitoral que proíbe o uso de bases de dados compradas ou de terceiros. As empresas então organizavam as listas por perfil, relacionando-o a um grupo específico, por idade, condição social e econômica, gênero, religião etc. Tudo criado e alimentado manualmente. As listas entregues em papel se transformavam em gigantesca base de dados sem que os futuros ‘usuários’ dos grupos tivessem previamente autorizado.

Depois de formados, os responsáveis pelos grupos enviavam mensagens privadas com dados dos proprietários dos números telefônicos do administrador e uma mensagem de boas vindas, dando a sensação de ser sério e organizado, com regras claras sobre a utilização. A ideia era criar um ambiente quase familiar, menos formal. Quando os grupos se estabilizavam, a administração era transferida para um dos integrantes e o funcionário da empresa deixava o grupo para cuidar da criação de outro. Muitos desses grupos foram formados faz bastante tempo, assim como a atuação dessas empresas com os Bolsonaros remonta a até dois anos atrás.

Para dificultar o rastreamento e o bloqueio das linhas telefônicas usadas para criar e administrar os grupos, utiliza-se uma grande quantidade de números estrangeiros, podendo ser identificados telefones da Índia, da Arábia Saudita, do Paquistão e muitos de Portugal, Argentina e, em maior quantidade, dos Estados Unidos. As empresas recebiam os chips diretamente da família Bolsonaro, em reuniões sigilosas.

Esses grupos de apoio no WhatsApp estão organizados por tipo, dividindo-se em três modalidades:

1- Grupos de disparo maciço, nos quais os usuários não podem interagir entre si. Há um único administrador que tem a tarefa de enviar as peças de campanha ou de informação falsa, orientar os participantes sobre como replicar o conteúdo em suas próprias redes. Nesse caso, é comum o uso de listas de transmissão, recurso do WhatsApp que permite o envio múltiplo de mensagens privadas.

2 – “grupos de ataque”. Esses também não se destinam a discussões, diálogos, e tem um objetivo especifico: indicar um alvo para ataque em massa pelos membros do grupo, sejam elas reportagens negativas para o clã Bolsonaro, sejam enquetes, páginas nas redes etc O Administrador publica o link e comanda a guerra.

3 – grupos públicos. Esses têm mais de um moderador e nele está permitida a interação, gerando um sentido de maior pertencimento e participação.

Cada grupo é formado de acordo com os perfis previamente analisados, não estando descartado que muitos sejam pagos para executar certas tarefas.

A média de participantes por grupo gira em torno de 120 pessoas. É comum o uso de imagens de avatar padronizados e estrutura compartimentada, nomes semelhantes e até regionalizados, deixando claro que se trata de organização profissional. As mensagens não são aleatórias e seguem diretrizes claras, devem ser simples para serem fixadas rapidamente. Usam o humor e geralmente são superficiais. Os temas no geral, por orientação dos Bolsonaro, deviam focar no que o próprio presidenciável costuma defender ou atacar, em particular segurança pública, corrupção (com ataques ao PT) etc.

Segundo os entrevistados, frases de efeito eram repassadas à prestadora de serviços, com destaque para o que Bolsonaro tivesse dito em eventos públicos ou, mesmo, que ainda iria utilizar, visando antecipar e aproveitar ao máximo o ambiente virtual.

Considerando que os Bolsonaro estão organizando essas ações há pelo menos dois anos, fica claro que foram devidamente orientados provavelmente pagando caro por um plano de médio prazo para interferir nas eleições em favor da família, mas também de apoiadores que, posteriormente se integraram no plano de eleger Jair Bolsonaro para a Presidência da República. É o caso, por exemplo, da bancada inédita de mais de 50 deputados do PSL eleita este ano. O custo para montar e manter essa estrutura não é baixo, o que indica uma fonte de financiamento de peso.

Não se deve descartar, também, conforme já denunciado na imprensa estrangeira que a própria estrutura do Exército, especialista em guerra eletrônica, poderia estar participando da campanha. Mas, mesmo que não esteja, a estrutura e o modelo de ação já revelados comprovam o quão fraudulenta é a eleição. Lembramos que parte dessa guerra de fake news já estava presente no Brasil e teve papel importante em 2013, com as famigeradas ‘Jornadas de Junho‘, e depois nas campanhas contra a Presidenta Dilma Rousseff. Então, ninguém deve estar surpreso com o que está acontecendo. Como já dissemos, é fraude.

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