Armazém do Campo é o novo local de comercialização de produtos da reforma agrária organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Inaugurado em casarão tradicional na Lapa, Rio de Janeiro, o espaço reuniu centenas de pessoas no último sábado (15/9), contando com grande apoio da população carioca.
A festa de inauguração durou o dia inteiro, tendo como início um ato político a partir das 11h da manhã. Dentre os convidados, diversos representantes de movimentos, partidos, sindicatos e organizações populares, saudaram o evento. Além da notória importância política da inauguração do Armazém do Campo, foram relembradas a memória e a luta da vereadora Marielle Franco (PSOL), brutalmente assassinada em março deste ano. Ademais, a solenidade contou com farta programação. O almoço – cuja expectativa tomou conta dos participantes, foi regado à arroz carreteiro, feito pelo dirigente do MST, João Pedro Stedile. Segundo o público – que lotou o espaço, o prato foi sucesso total. No local serão vendidos produtos de assentamentos da reforma agrária, cultivados por pequenos agricultores ou produzidos por empresas parceiras; todos sob o sistema de cultivo orgânico e agroecológico. Para os frequentadores do casarão, não faltaram produtos a deleitar; as inúmeras prateleiras lotadas – colocaram em evidência a farta diversidade da produção coordenada pelo MST. Uma grande variedade de opções encantou o público: arroz, feijão, legumes, frutas e verduras frescas, leite, achocolatados, mel, etc. A beleza física do espaço também não deixou nada a desejar; as paredes – primorosamente pintadas, revelavam a beleza das obras de artistas populares. Todo o cenário foi cuidadosamente pensado para lembrar que além da comercialização de produtos da reforma agrária, o Armazém do Campo também é um espaço de estímulo e promoção cultural.
Além da loja do Rio de Janeiro, outras três unidades estão distribuídas pelo país. O Armazém do Campo já está presente em São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte. Segundo a pesquisadora Maureen Santos, coordenadora de projetos socioambientais da Fundação Henrich Böll Brasil, o empreendimento mostra de forma clara, a potência da agroecologia e da agricultura familiar e camponesa. Outros depoimentos comprovaram o exitoso empreendimento do MST; como foi o caso da assistente social Renata Oliveira dos Santos. Para ela, a movimentação no número 135 da avenida Mem de Sá foi muito convidativa, chamando a sua atenção para conhecer um pouco mais sobre o Armazém do Campo. “Fiquei muito feliz quando soube que agora a gente tem um espaço de venda de alimentos da agricultura familiar, sem agrotóxicos, vindos dos assentamentos. Um lugar acessível. Entrei aqui, comprei um suco, com mesmo preço do mercado e encontrei outros produtos mais baratos que na feira”, contou. Dentre as inúmeras demonstrações do caráter popular da festa, vale aqui, destacar, o apoio massivo da população carioca para com a luta dos trabalhadores sem terra.