Os jovens indígenas da etnia Guarani Denis Garcia Benite, 18 anos, e e Jeferson Tupã Vae, 21 anos, estão presos desde o dia 08 de abril sob a acusação de terem furtado álcool gel, gaze, esparadrapo, saboneteira e outros objetos da Secretaria de Saúde Indígena e da Escola Bilingue Tavamirim. Os dois indígenas trabalham como artesãos e são da Aldeia Itatim, localizada no município de Parati, estado do Rio de Janeiro.
Os indígenas foram ouvidos pelo delegado de polícia, sem intérprete, o que caracteriza uma violação de seus direitos. A devolução dos objetos foi solicitada pela autoridade policial, o que foi prontamente atendido pelos indígenas no momento do incidente. Isso significa que o ato de subtração sequer foi consumado, uma vez que houve a pronta devolução.
As detenções ocorreram em meio à pandemia do Covid-19, no momento onde os indígenas denunciam o completo abandono pelo sistema de saúde indígena e o genocídio em marcha. A extrema-direita tem agido abertamente, sob as diretrizes política de Jair Bolsonaro, para desmontar a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai).
A prisão dos dois jovens guaranis, por motivos banais, é uma expressão objetiva da política da direita golpista no interior da Sesai. É uma política consciente e planejada de negar assistência aos povos indígenas e deixá-los padecer de infecção pelo coronavírus. Como os dois jovens tomaram a atitude de resistir e se apoderar dos materiais que podem ser usados para salvar suas vidas e de seus pares na aldeia, a resposta foi a prisão.
Sob o controle da extrema-direita bolsonarista, as instituições que deveriam implementar políticas de proteção aos indígenas – Sesai, Funai – tornaram-se instrumentos de perseguição e repressão aos mesmos. A violação dos direitos democráticos e processuais dos jovens guaranis, que são mantidos encarcerados sem crime, sem processo judicial e sem direito à defesa, é uma demonstração do que os golpistas pretendem fazer com os indígenas em geral. Ao fim e ao cabo, trata-se de impor uma ditadura aos indígenas e obrigá-los a aceitar a morte.
Desde que assumiu fraudulentamente a Presidência da República, como resultado da fraude eleitoral de 2018, Jair Bolsonaro tem levado adiante uma política de repressão e estímulo ao extermínio das lideranças indígenas. Militares do Exército foram nomeados para dirigir a Funai. A pandemia do coronavírus apresentou-se como uma oportunidade de promover o extermínio em massa dos indígenas, porém sem aparecer como resultado direto da política bolsonarista. Pelo abandono institucional, Bolsonaro deixa que as mortes se sucedam.
Denis Garcia Benite e Jeferson Tupã Vae devem ser imediatamente libertados do cárcere político a qual se encontram.