Nos municípios de Cocais e de Itatiaiuçu, na região central de Minas Gerais, moradores foram obrigados a deixar suas casas na madrugada desta sexta-feira, por risco de novo acidente com barragens construídas com método à montante, o mesmo da represa de Brumadinho, que se rompeu no dia 25 de janeiro. Desta vez as sirenes funcionaram.
A retirada das famílias ocorreu por causa da barragem sul da mina Gongo Soco, da Vale.
Existem no Brasil mais de 300 barragens de mineração que ainda não foram fiscalizadas e pelo menos 200 tem alto potencial de desastre. Do total de 790 barragens de rejeitos de minérios existentes, muitas não foram classificadas em relação ao seu risco de rompimento e ao potencial de dano que poderia causar a sociedade e ao meio ambiente. Um mapa criado pela BBC News Brasil com dados compilados da ANA (Agencia Nacional de Aguas) e da ANM (Agencia Nacional de Mineração) faz um quadro das mineradoras, suas barragens e os responsáveis por elas. Pode-se verificar a complexidade do problema neste mapa.
O risco de rompimento nas barragens é medido considerando-se características técnicas e de conservação. Estas informações devem ser fornecidas pelas empresas para o órgão fiscalizador, assim como os planos de ação em caso de uma emergência e relatórios periódicos de monitoramento e de conservação.
As barragens que deveriam obedecer aos critérios da Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), devem receber visitas periódicas de agentes fiscalizadores. Ou pelo menos deveriam.
A Vale nunca investiu na segurança de barragem nenhuma, porque isso reduz seu lucro. O investimento “não compensa” do ponto de vista de capitalistas sedentos por aumentar seus ganhos custe o que custar. Por isso que a Vale precisa ser estatal e precisa estar sob o controle dos trabalhadores. Só assim os interesses sociais serão levados em conta.