O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Rio Grande do Norte (Gaeco-RN), a pedido do Promotor de Justiça Beetoven Ribeiro Agra, criou um relatório contendo informações de vinte Policiais Militares, dois Policiais Civis e um bombeiro que fariam parte de uma organização de Policiais Antifascismo.
Diferentemente do dossiê do Ministério da Justiça, que foi feito como trabalho de “inteligência”, o caso do RN aparenta ser ainda mais grave, pois trata-se de uma ação do Ministério Público com o claro intuito de abrir processo interno contra os servidores. Isto fica bastante óbvio ao observar-se, no relatório, menção de “apologia de autor de crimes” por apoio dos “investigados” ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O Gaeco-RN também enxergou prática criminosa um Policial Civil ter entregado uma camiseta da organização a ex-presidenta Dilma Rousseff. Este fato, por si, já invalida o relatório como um todo, pois mostra que os autores do relatório exerceram atividade tão ou mais “político-partidária” do que os Policiais ditos antifascistas.
A ação do Ministério Público do Rio Grande do Norte (MP-RN) trata-se de atitude policialesca, com o intuito não somente de perseguir e prejudicar pessoas por sua visão política, mas de coagir toda e qualquer atividade que desagrade a visão (bastante) política do MP-RN. Tem-se aí uma ação puramente política e não jurídica.
O caráter político do processo fica ainda mais saliente se observada a atitude que a própria Promotoria teve em relação a relatório feito pela Central de Inteligência da Polícia Militar sobre as manifestações do Dia do Exército, quando apoiadores de Bolsonaro reinvindicaram fechamento do STF e do Congresso. Nesta ocasião, o Promotor manteve o relatório sob sigilo e, ao invés de investigar o ocorrido como agora o faz contra os Policiais Antifascistas, simplesmente o remeteu à Procuradoria Geral da República (PGR).
O que torna ainda mais crítica a situação foi, no relatório da Gaeco-RN sobre os Policiais, haver informações como endereço e outros dados pessoais dos servidores, pois estes não estão dispostos em redes sociais. Diferente do que foi propagandeado pela Gaeco-RN, houve acesso a informação destes servidores por meios que não os abertos ao público.