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“Revolução sem Partido”: o antibolchevismo da esquerda pequeno-burguesa acadêmica . parte II

Os franceses Pierre Dartot e Christian Laval, no livro A sombra de Outubro. A Revolução Russa e o espectro dos Sovietes, escolheram  como principal alvo o Partido bolchevique. A “sombra de outubro” que nos sombreia até os dias de hoje, para os autores foi a conquista do poder pelo Partido Bolchevique. O correto seria deixar que a “ criatividade da sociedade” permitisse novas formas de política, sem a ação “ autoritária” do partido.

Desejosos de negar ou melhor de apresentar de uma forma negativa o papel do partido revolucionário na Revolução Russa, os autores procuram contrapor a “ ação das massas” através dos sovietes à intervenção do Partido Bolchevique em Outubro.

Uma questão que escapa aos autores, é a relação complexa entre o sovietes, partido e massas em movimento.  Isso apesar da citação das obras significativas sobre a Revolução Russa, como os livros História da Revolução Russa de Leon Trotsky e Ano I da Revolução de Victor Serge.

Os sovietes dirigidos pelos socialistas conciliadores, (mencheviques e social- revolucionários) durante o processo revolucionário em 1917 foram efetivamente tolhidos. Não somente a ausência de uma política revolucionaria  provocou a hesitação  em conquistar o poder, como efetivamente levou a situação de  ambiguidade  provocada pelo duplo poder a uma indefinição permanente. A política dos conciliadores busca permanentemente um co- governo com a burguesia, através da sustentação do Governo Provisório.

O verdadeiro impulso para a conquista do poder dos sovietes, foi a política dos bolcheviques, sob a liderança de Lênin,  que colocou claramente o problema do poder político, e da necessidade da independência política  dos trabalhadores na Revolução Russa.

A importância dos sovietes como organismo atuante das massas na luta revolucionária foi sem dúvida um dos aspectos centrais da Revolução, entretanto, sem a atuação do Partido Bolchevique fatalmente o resultado da revolução seria o esmagamento das forças populares pela contra-revolução.

Ao invocar  outras experiências de conselhos operários,  como os  exemplos da Revolução Alemã, Revolução Húngara e da Guerra Civil Espanhola, Laval e Bardot pretendem demostrar que não é exclusividade russa a experiência dos conselhos. Entretanto, ao relatar as experiências acabam ainda que involuntariamente confirmar pela negativa, a importância do partido para assegurar a vitória da revolução.

Repetindo os preconceitos dos ultraesquerdistas, os autores de A Sombra de outubro, sustentam a oposição  entre “ a tática das massas x a tática dos chefes de Lênin”, a partir da classificação de Herman Gorter.

O regime soviético é caracterizado como se fosse uma fraude, como sendo uma ditadura do partido contra a democracia em abstrato das “ massas”. Não por acaso, os argumentos renegados de karl kautsky são requentados para sustentar que as massas revolucionarias não podem ultrapassar os “limites” democráticos impostos pelo sistema capitalista.

Dessa forma, ao relatar os conflitos históricos desencadeados após Outubro de 1917, tudo é apresentado no fundamental como desdobramentos do erro fundamental dos bolcheviques em tomar o poder.

A luta dos operários e camponeses russos contra as classes dominantes na Rússia, enfrentando o exército de dezessete países na Guerra Civil Russa e tendo que erguer praticamente do nada instituições e a economia russa, completamente devastada após anos de guerra é apresentada pelos sábios doutores da “ esquerda acadêmica” como tão somente como consequência da “ usurpação do poder pelos bolcheviques”.

A adesão dos intelectuais “ críticos” das universidades à democracia, leva a reprodução dos preconceitos tradicionais da classe burguesa contra os bolcheviques, mesmo transcorridos mais de um século da Revolução Russa, mesmo depois do fim da URSS.

Na conclusão do livro, é apresentada o programa da “ nova esquerda anti partido”, fazer a “ revolução, sem conquistar o poder”. É salientado, que não deve ter uma mentalidade de “ proprietário”, por isso deve-se os “ produtores- trabalhadores” não acabar com a propriedade, nem mesmo nacionalizar a propriedade.

Assim, o Movimento ecológico do comum  “ a terra, as fabricas, as oficinas seriam controladas por assembleias populares de comunidades livres,  e não pelo Estado-nação ou por produtores-trabalhadores que poderiam muito bem adquirir uma mentalidade de proprietários”( Lava e Bardot. A sombra de outubro, p.172).

Portanto, muitos dos argumentos utilizados em A Sombra de Outubro contra a necessidade da organização política dos trabalhadores tem como intuito propagandear o “ movimento ecológico do comum” que não questiona os pilares do poder capitalista.

 

 

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