Texto essencial sobre o fascismo, o livro de Trótski é bibliografia indispensável para a Universidade de Férias do PCO que se realizará em janeiro próximo. Falaremos sobre o livro, portanto.
Trata-se da reunião de artigos escritos por Trótski entre 1929 e 1933, isto é, nos anos que antecederam a ascensão de Hitler na Alemanha. Mais precisamente, sete artigos e dois folhetos consagrados aos principais problemas da luta contra o fascismo: a política da Internacional Comunista, a frente única dos stalinistas com os nazistas contra os social-democratas no “plebiscito vermelho”; o desenvolvimento do fascismo na Áustria, a polêmica sobre a frente única operária contra o nazi-fascismo que ocupa o centro da discussão em todo o período. Foi publicado no Brasil pela primeira vez no calor dos acontecimentos, com tradução e apresentação do trotskista Mário Pedrosa que escreveu, na sua apresentação, em janeiro de 1933:
“Fiel aos ensinamentos dos seus grandes mestres, e continuando-os dialeticamente, Trótski opõe ao processo da contrarrevolução permanente o da revolução permanente. Nessa oposição, não há lugar para os sonhos senis de democracia e de liberalismo dos velhos enxaquecados e dos lacaios e caixeiros de fraque da social-democracia; a questão se decidirá como Marx a pôs em 1849 – ou pelo triunfo completo da contrarrevolução, ou então por uma nova revolução, vitoriosa”.
Pedrosa explica nesta introdução o porquê do título – o mesmo dado à obra de Engels de 1848: “trata do problema da revolução proletária alemã, posto em ordem do dia com uma extraordinária acuidade pelo irromper da crise de 1929 (…) Ambas [as obras] estudam as relações de classes da sociedade germânica em duas épocas decisivas da sua história. O livro de Trótski continua o do mestre numa etapa mais alta do desenvolvimento histórico”.
Inserido na luta decisiva contra o fascismo, Trótski intervinha para que o Partido Comunista Alemão abandonasse sua política ultimatista e burocrática que impedia a unidade dos trabalhadores comunistas com os social-democratas em nome do combate ao “social-fascismo”, isto é, à própria social-democracia. “Os destinos da revolução alemã dependem apenas da conquista dos operários social-democratas. E só há um meio de realizar essa conquista, é pela política de frente única preconizada pela Oposição de Esquerda, de acordo com os ensinamentos de Lênin, e da qual este livro é um verdadeiro manual”, escreveu Pedrosa.
Um manual. A definição não poderia ser mais adequada. O livro é essencial para a formulação de uma política correta diante do fascismo dos dias de hoje. Traz caracterizações cruciais sobre este fenômeno, como a de que “a hora do regime fascista chega no momento em que os meios militares-policiais ‘normais’ da ditadura burguesa, com a sua capa parlamentar, se tornam insuficientes para manter a sociedade em equilíbrio”. É uma obra-prima de análise política, em que o método marxista permitiu ao autor tirar conclusões e traçar prognósticos cuja correção se verificou integralmente no curso dos acontecimentos da década de 1930.
Essa curta resenha, parcial e incompleta, tem apenas o objetivo de despertar o interesse do leitor. A leitura do livro é insubstituível e indispensável para todo militante na luta contra a direita, o golpe de Estado e o fascismo no Brasil nos dias de hoje. Mais ainda se contarmos que, juntamente com este livro outros serão apresentados pelo companheiro Rui Costa Pimenta, é tarefa urgente conhecê-lo e estudá-lo.