Enquanto a imprensa golpista e capacho dos interesses imperialistas mentem sobre a Venezuela, ocultam a repressão promovida pelo governo Macron contra os cidadãos franceses que, por sua vez, radicalizaram os protestos.
No sábado, dia 16 de março, depois de algumas semanas de aparente calmaria, com protestos mais contidos, os coletes amarelos e simpatizantes fizeram um violento protesto em Paris.
A avenida Champs-Elysées foi tomada por milhares de manifestantes, barricadas com fogo, brados anticapitalistas e contra a polícia entoados durante toda a manifestação que incluiu ataques com pedras e barras de ferro à polícia e suas viaturas, e a restaurantes de luxo, bancos e lojas de marcas famosas, incluindo apedrejamento, coquetel molotov e pichação. Uma delas , em uma vitrine, dizia “morte aos ricos”.
Mais de 200 pessoas foram detidas, mas o rastro de destruição não podia mais ser apagado.
Interessante notar que as manifestações de sábado ocorreram um dia após o encerramento do “grande debate nacional” promovido pelo presidente Macron, que, ironicamente teria o objetivo de “ouvir” as demandas das ruas, indicando que os manifestantes consideram esse ‘debate’ um engodo, um teatro. “Macron é uma marionete do sistema” dizem alguns manifestantes, muitos deles desempregados, com idade avançada.
Os coletes amarelos fazem uma crítica ao sistema político francês e ao fato de que o governo não escuta os cidadãos, ignora suas demandas e a percepção clara de que a desigualdade é um mal que não vem sendo enfrentado pelo Estado. Não só não o enfrenta como o agrava com sua política neoliberal escancarada. Não o enfrenta e criminaliza os manifestantes, como o faz o ministro do interior, Christophe Castaner: “Os indivíduos que cometeram este ato não são manifestantes nem ativistas ultrarradicais, são assassinos”.
Como é comum, enquanto o povo passa fome, se desespera com o empobrecimento, com o desemprego, com a falta de expectativa, o presidente tira uma folga para esquiar.
Quando se pensava que os protestos iriam cessar, o violento protesto de sábado mostra que, ao contrário, os cidadãos têm consciência de que se não radicalizam agora jamais serão ouvidos, jamais terão uma chance de mudança, jamais saberão do que acontece no país, de quão nefasta é a desigualdade e o quão desesperador é a situação de milhares de desempregados e pobres num dos países mais ricos da Europa.
Os coletes amarelos sabem bem que a situação está intimamente ligada à manutenção do status quo, que os ricos vivem tranquilos, que jamais sofrem ou sofrem muito pouco com as crises que vêm e vão, com as políticas econômicas que atingem sempre, e de forma violenta, apenas os mais pobres. Se não se organizam, se não se mobilizam, ninguém sabe de sua existência, ninguém os ouve. O povo reage violentamente contra os que os tratam de forma violenta.