Para celebrar um intenso ano de lutas e muito trabalho, o PCO está organizando uma grande festa de Réveillon para esse dia 31 de dezembro de 2019. A festa contará com bebidas e comida a vontade, queima de fogos e a presença de toda a militância do partido, simpatizantes e qualquer pessoa que queira participar da mais tradicional festa de Ano Novo da esquerda brasileira.
Além de todas as atrações citadas, será apresentada durante a festa a peça musical Santa Maria de Iquique: Cantata Popular. Ela foi composta pelo chileno Luís Advis Vitaglich (1935-2004) em 1969 e sua letra conta a história do massacre promovido pelo exército chileno, no ano de 1907, que disparou sobre uma manifestação de cerca de 8.500 mineiros na cidade de Iquique, localizada no litoral sul do Chile. Cerca de 3.600 trabalhadores foram mortos enquanto se concentravam na Escuela Domingo Santa María, de onde vem o nome da obra.
A peça possui influências da música popular chilena e da música erudita. Na instrumentação se sobressaem as flautas doces, violão e o charango, instrumentos muito usados na música andina folclórica. As vozes masculinas e femininas aparecem, ora cantando melodias melancólicas, em coro ou solo, ora recitando poemas que auxiliam na narrativa.
Por se tratar de uma cantata – forma tradicional da música erudita – com estes elementos folclóricos, a peça se encontra no limiar entre a chamada “música de concerto” e a música popular. Sua estreia, com o sexteto Quilapayún, no II Festival de la Nueva Canción Chilena (1970) foi marcada pela resistência dos demais participantes do festival, que não consideravam que a composição se tratava de uma canção popular e, portanto, não poderia ter sido inscrita no evento. Porém, o bom senso prevaleceu, e a obra foi executada e aclamada pelo público, sendo até hoje uma das mais importantes expressões da música popular chilena daquele período.
Pouco tempo depois da estréia da música, Augusto Pinochet deu o golpe militar no Chile e perseguiu de forma implacável toda manifestação artística popular que tivesse algum caráter político ou de esquerda. Como a Cantata conta a história de um massacre promovido contra a população trabalhadora, a perseguição contra ela não foi diferente. A peça foi proibida e o grupo Quilapayún teve que se exilar na Europa. Ela só pôde ser executada novamente no Chile após o fim da ditadura.
O público brasileiro terá uma grande chance de prestigiar a apresentação dessa peça pela cantora Míriam Mirah, do grupo Sendero, uma música carregada de história e fortemente representativa da luta popular do povo latino-americano, que é ainda de uma grande qualidade musical e artística. Esse é mais um motivo para vir ao Réveillon Vermelho do PCO e participar de uma grande festa com toda a militância combativa de esquerda.