Representando dezenas de entidades e movimentos nacionais de luta dos trabalhadores e demais setores explorados, nacionais e de cerca de 15 estados, reuniram esta segunda-feira (2), em São Paulo (SP), na sede da Central Única dos Trabalhadores (CUT), dirigentes da Frente Brasil Popular (FBP) de todas regiões do País. Alguns Estados também participaram do Encontro on Line.
O encontro marcou a retomada das atividades da própria FBP, no ano de 2020, depois de muitos meses de paralisia, o que foi criticado por muitos participantes e que foi, justificado, por parte de sua secretaria operativa (“coordenação”), como sendo resultado da inserção da maioria dos seus membros e organizações na campanha pela liberdade de Lula, nos dois últimos anos.
Como se evidenciou na reunião e ao longo da atividade no último período, a FBP vem sendo – de certa forma – esvaziada – pela presença em seu interior de uma ala que, em oposição à politica de buscar a unidade dos setores explorados e suas organizações para luta contra o regime golpista (que levou à formação da Frente) vem se dedicando cada vez mais a uma busca de aliança com setores golpistas (indevidamente meados de “progressistas”), como uma aposta alternativa para a crise do regime atual.
Essa política, rejeita por amplas parcelas da própria FBP, levou a que esses setores – tendo à frente o PCdoB – sabotassem o funcionamento da frente, inviabilizasse a realização do Congresso do Povo, estabelecido como uma forma de ampliar e fortalecer a atividade da Frente, quando este poderia ter deliberado o apoio Lula nas eleições presidenciais (“ou Lula ou nada”, eleições sem Lula é fraude” etc.) quando a ala conservadora se batia por uma “plano B”, pela substituição de Lula. O “freio de mão” foi puxado também porque essa ala conservadora adotou a política de buscar uma frente com setores que se recusavam a defender a liberdade de Lula, defendiam a sua prisão e a criminosa operação lava jato usada para perseguir o ex-presidente, toda a esquerda e os opositores do regime político.
Na reunião essa divisão se expressou mais uma vez, com o PCdoB e outros setores que se curvam à sua política, defendendo a “frente ampla”, no momento em que um dos ícones dessa aliança, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, escreveu partido no Estadão, defendendo que não deve cogitar, nem mesmo a defesa do impeachment do presidente ilegítimo, Jair Bolsonaro, que ele, seu partido e todo a direita, disfarçada de “centrão” ajudou a chegar ao governo, depois de terem atuados juntos na derrubada da Presidenta Dilma Rousseff.
Em contrapartida, a reunião expressou também a evolução de setores no seu interior, que em alguma medida acompanham a evolução política geral das massas, que viu – por exemplo – no carnaval, com o povo nas ruas gritando “Fora Bolsonaro”, a evolução das tendências a um enfrentamento com o governo evidenciadas na greve dos petroleiros e outras mobilizações do último período, mesmo que contida pelo predomínio da politica de conciliação e de entendimento com os golpistas e seus aliados no movimento operário, no interior da burocracia sindical de esquerda.
No encontro, além do PCO, representantes da CMP, da União Nacional de Luta pela Moradia, de diversos movimentos de mulheres (ligadas do PT), se posicionaram no sentido de impulsionar a luta pelo “Fora Bolsonaro”, o que levou ao encaminhamento da proposta de que se abra um debate nas regionais da FBP e nas suas entidades no sentido de discutir uma posição do movimento em relação à crise do regime e do governo Bolsonaro.
Em tais condições, não conseguiu apontar uma política efetiva, concreta, com base em um programa independente, diante do enorme agravamento da crise econômica e da crise política do regime golpista, se limitando a reforçar o chamado para as mobilizações já convocadas para os dias 8 e 18 de Março, principalmente.