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Balanço e perspectivas

Retrospectiva Paraná 2019, um ano de Ratinho Jr. e Bolsonaro

Um balanço da luta que os trabalhadores, estudantes e a população paranaense travaram contra os golpistas no ano passado e as perspectivas para 2020

Por Emmanuel Lobo

Dois mil e dezenove completou um ano de Ratinho e Bolsonaro. O que nos impõe um balanço de como foi a luta política no Paraná e os efeitos da política dos golpistas a nível federal e estadual no Paraná.

Dois aspectos que destacarei neste primeiro balanço são a greve dos professores e a privatização da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar).

No fim do ano o governo bolsonarista de Ratinho Jr (PSD) promoveu uma nova ofensiva, enviando a PEC de reforma da previdência aos deputados, que desencadeou no inevitável acirramento da luta contra os servidores públicos (liderados por professores e funcionários). Com os ânimos elevados rapidamente na base dos trabalhadores, a direção da APP Sindicaro, que encerrou a greve de julho em seu momento de pico (sob o risco de enfrentar uma greve selvagem, que passasse por cima de seu controle), imediatamente chamou uma assembleia para o dia 23/11, onde os trabalhadores aprovaram por unanimidade a greve (mostrando sua disposição para a luta).

No entanto, ao invés de entrar em estado imediato de mobilização, a direção chamou a greve para iniciar apenas no dia 2/12 e um ato estadual em Curitiba para o dia 3/12, quando seria votada da reforma da Paraná Previdência. Não mobilizou a categoria para se enfrentar com o governo, dar o sangue pela pauta e barrar a ofensiva da direita. Ao marcar o ato para o dia da votação e não organizar caravanas sequer de todos os 29 núcleos sindicais espalhados pelo estado, a direção dava ao ato um caráter de mobilização de baixa intensidade apenas para pressão parlamentar.

O caráter de mobilização pela base, desta forma, consequentemente, foi sistematicamente combatido. Com essa postura a direção chamara um ato fúnebre da previdência, como quando as direções da CUT e das outras “centrais” chamaram atos para o dia da votação da reforma da previdência na Câmara Federal dos Deputados.

O circo estava armado, a direção perderia a pauta lutando contra o governo, desgastaria a base do governo e o governo para as eleições do ano que vem, enquanto a direita golpista levaria em troca a previdência de todo o funcionalismo paranaense. Contudo, os trabalhadores, a revelia da política ultra moderada de sua direção reformista, ocuparam a ALEP e impediram a votação de prosseguir, pondo para correr os deputados, que mesmo com proteção da Polícia tiveram que fugir da sessão, que foi encerrada.

Esta atitude dos trabalhadores, estando ou não no roteiro de quem planejou o roubo ou o encerramento da greve, foi uma prova acabada de dois aspectos fundamentais da luta política no Paraná:

1. É possível derrotar o governo golpista de Ratinho Jr.

Se a ocupação se mantivesse mesmo após a aprovação do roubo, para denunciá-lo e intensificar a greve, como a base teria respondido? O que teria ocorrido se a direção tivesse utilizado todos os recursos do maior sindicato do estado para intensificar a ocupação? Como isso impactaria nas bases das outras categorias do funcionalismo e na população? Mais, porque a direção não mobilizou amplamente as bases em torno da ocupação? Porque não publicou boletins, imagens em redes sociais, chamados de vídeo, texto, fez caravanas de todos os núcleos sindicais no Paraná? A continuidade da ocupação e da greve, sinalizaria uma disposição ferrenha de luta pelos direitos dos trabalhadores e revelaria todas as debilidades do governo bolsonarista do Paraná. Seria um problema muito grande para o governo desocupar violentamente a “casa do povo”. Ainda mais se a ocupação ganhasse fòlego dentro e fora da categoria.

2. Ao não lutar pela vitória, mas apenas pelo desgaste eleitoral, a direção organiza as derrotas

A direção sequer esperou a votação na Ópera de Arame terminar para encerrar a greve e orientar a desocupação da sede do legislativo. Isto porque essa mesma direção, em julho, num momento de acirramento da mobilização e recuo parcial do governo Ratinho, ao invés de impulsionar a decisão dos comandos de greve, que decidiram manter a paralisação, colocou-se contra a continuidade do movimento.

Mais que isso, naquele momento, confundindo o movimento grevista, a direção chamou a categoria a lutar pela substituição do Secretário da Educação de Ratinho Jr, Renato Feder, sob a palavra de ordem de “Fora Feder”, dizendo que o problema não era o governo de conjunto, mas sim a relação da SEED (Secretaria de Educação) com a categoria, como se o secretário comandasse uma pasta de si mesmo e não fizesse parte da política do governo como um todo.

Isso ocorre porque a direção não acredita na mobilização da sua base e quer educá-la de que é possível obter conquistas sociais ou manutenção dos direitos já conquistados sem luta! Foi assim que a direção desarmou a maior categoria organizada do estado do Paraná e a fez aceitar sua derrota passivamente, ainda sob o argumento de que “agora a luta é na Justiça”.

Essa prática política evidencia as ilusões eleitorais, institucionais e os “acordos de cavalheiros” que a direção reformista mantém com o regime (como se vê nos recuos sistemáticos em momentos de acirramento e na política de reformar o governo Ratinho Jr.). É um dado objetivo de que as derrotas sucessivas da categoria no governo de Ratinho Jr. não são uma fatalidade, mas sim o resultado da política da direção de organizar derrotas. Tudo para tentar convertê-las em ganhos eleitorais.

Assim, o quadro da luta de classe no Estado, cada qual agindo na defesa de seus interesses, polariza-se entre o governo e os trabalhadores (neste caso aqui representados pelos trabalhadores em Educação), onde a direção reformista aparece como um entrave ao desenvolvimento da luta. Porém não um entrave qualquer, mas sim um que atua na prática contra os próprios trabalhadores.

Por isso, os trabalhadores do Paraná precisam extrair dessa derrota a experiência de que a política de luta apenas por pressão parlamentar e demagogia eleitoral não vai garantir nossos direitos. Não há vitória sem luta, são conclusões que a própria história recente e os acontecimentos na América latina tem mostrado, só a mobilização popular radicalizada pode fazer avançar a luta dos oprimidos.

É nestes termos que temos de fazer a discussão com os companheiros professores e funcionários de todo o estado. Se a direção quer a política do “fica Ratinho, eleições 2020 e 2022”, mesmo que isso custe todos os nossos direitos e a nossa aposentadoria, está na hora da base superar a política de sua direção.

 

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