O crescimento do desemprego e a redução real do mercado de trabalho (com pequena criação de empregos sem carteira assinada) provocados pelo golpe que assola o Brasil, desde o impeachment da presidenta Dilma Rousseff , elevou o número de domicílios no país sem qualquer renda ou com renda muito baixa, segundo o estudo divulgada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), no último dia 20.
Na pesquisa realizada, o número de famílias em que não há nenhum membro desempenhando uma atividade remunerada (ou seja, em situação de extrema necessidade) aumentou de 21,5% no quarto trimestre de 2017 para 22,2% no último trimestre de 2018, segundo a declaração dos entrevistados. Antes do avanço da crise, no final de 2013, o índice era de 18,6%.
O empobrecimento da população também cresceu, com aumento na proporção de domicílios com renda muito baixa, que subiu de 29,8% para 30%, em comparação ao 4º trimestre de 2013, quando o índice era 27,5%. Os dados mostram o aumento das desigualdades salariais entre famílias, onde as maiores rendas chegam a ser 30,3 vezes superior às as rendas mais baixas, no último trimestre de 2018. No mesmo período em 2014, essa diferença era de 27,8 vezes.
Proporção de domicílios por faixa de renda proveniente do trabalho
Faixa de renda | 4º tri de 2013 | 4º tri de 2015 | 4º tri de 2017 | 4º tri de 2018 |
Sem renda do trabalho | 18,6 | 19,9 | 21,5 | 22,2 |
Renda muito baixa | 27,5 | 28,4 | 29,8 | 30,1 |
Renda baixa | 14,2 | 15 | 12,1 | 11,4 |
Renda média baixa | 17,3 | 16 | 16,5 | 17,7 |
Renda média | 14,6 | 13,6 | 13,2 | 12,3 |
Renda média alta | 5,5 | 5 | 4,9 | 4,5 |
Renda alta | 2,2 | 2,3 | 2 | 2,1 |
Fonte: Ipea
A expectativa de recuperação econômica aguardada pela aprovação da reforma previdenciária, é frustrada de acordo com a pesquisa, que prevê a manutenção da recuperação gradual do emprego e da renda média, hoje em níveis inferiores se comparados aos anos anteriores ao do golpe, com supostos efeitos perceptíveis no mercado de trabalho, apenas para o fim de 2019 e ao longo de 2020″, destaca o estudo.
Desde janeiro, a taxa de desemprego se mantém na casa dos 12% e a retração do desemprego ao longo dos dois últimos anos foi de apenas 0,8 ponto percentual, quando se considera os chamados “desalentados” (que já não procuram por emprego) e os “empregados” (sem registro, temporariamente etc.).
Nestas condições, os jovens e menos escolarizados são os mais atingidos pelo desemprego, No segmento com idades entre 18 a 24 anos e 25 a 39 anos, a taxa de ocupação recuou 1,4% e 0,2%, respectivamente. Mesmo com a estagnação desse índice no quarto trimestre de 2018, essa parcela da população é a que possui a menor probabilidade de ser contratada e maior vulnerabilidade as demissões.
Os resultados da pesquisa revela o ônus do golpe de Estado, que castiga a classe trabalhadora, com os cortes nos programas sociais e agora, no atual governo de Jair Bolsonaro, promove a total devastação econômica, com o aumento do desemprego e a deterioração acelerada da vida dos brasileiros.