Segundo reportagem do Correio Braziliense, baseado em dados divulgados pelo Banco Central na última segunda-feira (28), o juro médio praticado pelos bancos às famílias que recorreram ao crédito foi de 24% ao ano no mês de agosto. Ainda segundo o levantamento, o juro para crédito pessoal tem média de 70,3% ao ano, podendo ultrapassar a marca de 310% no cartão de crédito. Já as empresas tem uma taxa média superior a 10,7% ao ano. Por fim, a publicação destaca que o juro médio praticado pelo mercado de crédito brasileiro atinge 18,7% ao ano, somando-se todas as operações desta natureza. No mês de agosto, R$343 bilhões foram destinados ao crédito no Brasil.
O caso chama atenção pela mágica da chamada meritocracia à moda capitalista. Tão logo os grandes capitalistas começaram a sofrer os impactos da crise impulsionada pelo coronavírus, governos em todo o planeta se prontificaram a realizar donativos aos elementos mais poderosos da burguesia sob o eufemismo de “pacote de resgate”, com valores inéditos na história moderna. No Brasil não foi diferente.
O governo golpista de Jair Bolsonaro entregou mais de R$1,3 trilhão aos capitalistas, especialmente os banqueiros, que nos proporcionam esse milagre da multiplicação. Tendo recebido recursos públicos em uma escala nunca antes vista, os banqueiros devolvem os recursos ao mesmo povo de onde tiraram, porém cobrando, na média, 24% em cima de um dinheiro que nunca lhes pertenceu mas que receberam por um verdadeiro roubo. Isso significa que apenas no mês de agosto, essa pirataria rendeu aos banqueiros um montante superior R$82,3 bilhões. Pelo menos isso.
Aqui vale ainda a lembrança de que o governo anunciou a suspensão da esmola do auxílio emergencial, destinado às mais exploradas e miseráveis famílias trabalhadoras, sob o argumento de que o custo mensal de aproximadamente R$50 bilhões seria muito dispendioso, o que inviabiliza o programa de assistência à dezenas de milhões de trabalhadores pobres.
Fica evidente que a miséria a que estão submetidos milhões de brasileiros, que leva neste momento 85 milhões de pessoas a viverem sob insegurança alimentar no País, não se deve à falta de riquezas proporcionadas pelo trabalho do povo mas pelo sequestro criminoso cometido pela burguesia. Recursos para proporcionar um padrão de vida melhor aos trabalhadores há, e muito. O que precisa acabar é o pesado tributo de classe, fruto da ditadura burguesa e que transforma o Estado nacional em uma máquina de rapina em larga escala contra o amplo conjunto da população.