A noite de sexta-feira (6) foi marcada por grandes manifestações no Paraguai e no Chile. Em protesto contra a maneira como o governo paraguaio tratou a administração da pandemia, manifestantes exigiram a renúncia do presidente Mário Abdo Benitez. O povo decidiu sair às ruas para pressionar o governo para que tomem alguma atitude.
É preciso fazer um paralelo com a maneira qual as organizações de esquerda brasileira tratam o problema da pandemia – a política do avestruz, colocando a cabeça na terra e esperando que o problema seja resolvido.
Com o sistema de saúde colapsado no Paraguai, UTIs lotadas, as cirurgias não emergenciais foram canceladas. Também hoje, o ministro da Saúde do Paraguai, Julio Mazzoleni, já havia renunciado ao seu cargo em meio a uma crise provocada pela falta de medicamentos nos hospitais públicos do país e críticas pela gestão da pandemia de COVID-1919.
Já no Chile, os manifestantes foram às ruas contra a violência policial. A população sofreu repressão e houve conflito, com alguns manifestantes jogando coquetel molotov para se defender da burocracia estatal e, na Plaza Italia, epicentro dos protestos de 2019, a estátua do General Baquedano foi queimada.
O país vive uma efervescência desde o grande levante social de outubro de 2019, em que milhares foram as ruas contra o governo de Sebastian Piñera, um direitista neoliberal que reprimiu a população.
O Chile nos últimos dois anos mostrou uma massiva mobilização popular contra os impactos do neoliberalismo que liquidou com as condições de vida da população. Conseguiu a aprovação, em outubro, de um plebiscito para uma nova Constituição.
Mas é necessário sempre alertar, como feito algumas vezes neste Diário, que assim como a recente discussão que foi travada sobre a legalização do aborto no parlamento chileno, a questão da Nova Constituinte e seus acordos acabam se transformando mais numa forma de conter a revolta popular, colocar um freio, parar o fluxo de insatisfação causados pelo governo de Piñera.
O processo da nova constituinte comandado por direitistas não deverá promover grandes avanços para os direitos democráticos do povo chileno. Há muita demagogia com o tema. Além disso, Piñera, um direitista, é totalmente contra o aborto, contra o povo e contra as mobilizações.
Este clima tenso deve prevalecer e se acentuar nos próximos dias, por toda a América Latina. No começo do ano, um artista de rua havia sido assassinado pela policia (Carabineiros de Chile), e isso gerou um clima tenso – um prédio do governo foi queimado e instalações do governo como Correios, Registro Civil e Tribunal de Policia Local foram destruídos.
As versões indicavam que o homem foi solicitado pela polícia para uma verificação de identidade de rotina, mas por motivos obscuros um dos homens uniformizados começou a atirar, momento em que o jovem correu contra ele e foi baleado quase à queima-roupa, recebendo quatro projéteis em seu corpo, o que causou sua morte no local.
É preciso saudar as manifestações de Paraguai, Chile e seguir o exemplo delas aqui no Brasil. Somente com uma ampla mobilização popular como nos nossos países irmãos, vizinhos e igualmente oprimidos pelo imperialismo, é que as coisas poderão realmente começar a mudar. O povo na rua é o termômetro da insatisfação popular.
Quanto mais noticias como essa surgirem, de mobilizações acontecendo ao redor do mundo contra os governos burgueses direitistas inimigos do povo, melhor a situação fica para que a luta se desenvolva no Brasil.
Precisamos seguir o exemplo de nossos companheiros latino-americanos. Às ruas contra a direita. Fora Piñera, Fora Benitez, Fora Bolsonaro!