O carnaval no Brasil começa oficialmente apenas no final de fevereiro, mas conforme já indicava o comportamento da direita no carnaval do ano passado, a repressão já começou.
Na abertura oficial do carnaval do Rio de Janeiro, no último domingo (12), em Copacabana, a Polícia Militar reprimiu violentamente o bloco da Favorita durante a dispersão dos foliões. O bloco, que abre oficialmente o carnaval mais famoso do mundo, primeiro sofreu com a tentativa de censura.
Poucos dias antes da apresentação, a PM, de forma absurda, alegou que os organizadores do bloco não haviam apresentado no tempo hábil de 70 dias o pedido de realização do evento. A exigência, na realidade, encobria uma tentativa de censura do bloco, que recebeu centenas de milhares de pessoas nas ruas.
Logicamente, a festa mais popular do País – talvez do mundo – vai continuar até a data oficial a colocar milhões nas ruas em todo o País. E esse é precisamente um dos pontos centrais da preocupação da direita golpista e da burguesia de modo geral. O povo na rua, representa, por si só, um perigo para a burguesia. Para os reacionários, a população deve estar dentro de casa.
Em São Paulo, maior cidade do País, a prefeitura do PSDB vem colocando em vigor um toque de recolher em pleno carnaval. Toque de recolher é uma medida de exceção que seria ditatorial em qualquer momento, mas é significativo que no meio do carnaval, justamente o momento em que o povo extravasa suas ações, que tradicionalmente é um momento em que impera uma liberdade, haja toque de recolher. E não é apenas no papel que o PSDB convoca o toque de recolher, de fato, a PM está programada para retirar à força, com bombas, gás e bala de borracha, o povo da rua a partir das 20 horas.
No golpe de Estado, cada vez mais impopular entre o povo, ganha importância o controle do carnval. Nos anos anteriores a impopularidade do golpe ficou evidente durante as manifestações carnavalescas. Particularmente no ano passado, o recém eleito pela fraude Jair Bolsonaro foi alvo de manifestações espontâneas nas ruas por todo o País: “ei, Bolsonaro, VTNC!” foi uma espécie de hit do carnaval.
Esse ano, a tendência é que o carnaval se torne ainda mais um palco de protestos contra Bolsonaro e o golpe. Por isso, a burguesia já se prepara para maior repressão. No Rio de Janeiro, a PM de Witzel inaugurou o que deve ser a tônica do carnaval esse ano. Repressão contra o povo que apenas estava se divertindo no carnaval.